Viveo exibe primeiros sinais de recuperação operacional após ciclo intenso de aquisições

Viveo exibe primeiros sinais de recuperação operacional após ciclo intenso de aquisições

A Viveo registrou no segundo trimestre de 2025 a primeira melhoria consistente de desempenho desde o início de seu programa de fusões e aquisições, encerrado em 2024 com mais de 20 operações concluídas. Os dados divulgados pela companhia mostram avanço na rentabilidade, redução de despesas, melhora do ciclo de caixa e estabilização da alavancagem, indicando que o foco passou da integração de ativos para a captura de ganhos operacionais.

Receita cresce de forma moderada, mas margem avança

A receita líquida somou R$ 2,8 bilhões entre abril e junho, incremento de 2,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado foi impulsionado principalmente pelos segmentos de laboratórios, vacinas e varejo. Mais relevante que o crescimento das vendas, porém, foi o ganho de 0,6 ponto percentual na margem bruta, que alcançou 15% no trimestre. O avanço reflete iniciativas adotadas no fim de 2024 para priorizar rentabilidade em detrimento de expansão acelerada.

Com a actualização do posicionamento estratégico, a empresa concentrou esforços na revisão de preços, na otimização de mix de produtos e na renegociação de contratos com fornecedores. Essas medidas contribuíram para elevar a eficiência na cadeia de suprimentos e reduzir perdas ligadas a compras fragmentadas, cenário comum durante o processo de integração das diversas aquisições concluídas nos anos anteriores.

Despesas em queda reforçam ganho de eficiência

As despesas com vendas e administrativas, excluindo itens não recorrentes, totalizaram R$ 272,5 milhões no segundo trimestre, retração de 4,5% ante igual intervalo de 2024. O recuo decorre de projetos de racionalização implantados ao longo do ano passado, que englobam consolidação de unidades, padronização de sistemas de gestão e eliminação de sobreposições operacionais. A combinação de margem bruta mais alta e despesas menores resultou em margem Ebitda ajustada de 6,3%. Ajustado pelo impacto da CMED – órgão que regula preços de medicamentos – o indicador ficou em 5,9%, alta de 0,6 ponto percentual sobre o ano anterior.

Ciclo de caixa encurta e gera recursos livres

O ciclo de caixa, considerado um dos principais desafios recentes da Viveo, encolheu 12 dias no trimestre, resultado da redução de estoques e da renegociação de prazos com fornecedores e clientes. A melhora permitiu geração de R$ 177 milhões em caixa livre entre abril e junho. A administração atribui o desempenho ao restabelecimento do equilíbrio tradicional do negócio, no qual estoques são essencialmente financiados por contas a pagar. Além disso, negociações com grandes clientes ampliaram os prazos de recebimento, efeito que tende a se refletir de forma mais relevante a partir do terceiro trimestre.

Alavancagem permanece dentro dos limites pactuados

Após atingir 4,28 vezes a relação dívida líquida/Ebitda no fim de 2024, a alavancagem encerrou junho em 4,33 vezes, patamar considerado estável e inferior ao covenant renegociado de 4,75 vezes. A dívida líquida ficou em R$ 2,86 bilhões, praticamente inalterada frente ao primeiro trimestre. A companhia renegociou a curva de covenants com instituições financeiras e prevê retornar a níveis históricos de endividamento em junho de 2026, conforme cronograma acordado.

Custos da reestruturação e alienação de ativos

O processo de arrumação financeira teve impacto relevante no balanço de 2024, quando a Viveo reconheceu prejuízo não caixa de aproximadamente R$ 1 bilhão no quarto trimestre, relativo a ajustes contábeis das aquisições e à adoção de novas premissas de rentabilidade. Paralelamente, a empresa colocou ativos à venda para reforçar a estrutura de capital. Entre as unidades à disposição do mercado está a Cremer, cuja eventual alienação faz parte das condições pactuadas com credores durante a renegociação da dívida.

Segundo a administração, a combinação entre geração de caixa, controle de despesas e possíveis desinvestimentos deve contribuir para reduzir a dependência de financiamento bancário e liberar recursos para investimentos seletivos em áreas de maior retorno.

Desempenho das ações e perspectivas

Apesar da recuperação operacional, o valor de mercado da Viveo permanece pressionado. Avaliada em R$ 339 milhões, a ação VVEO3 acumula queda de 47,8% na B3 em 2025. A companhia aposta que a continuidade das iniciativas de eficiência, a consolidação dos ganhos de margem e a trajetória descendente da alavancagem sustentem uma reprecificação gradativa dos papéis nos próximos trimestres.

Para os meses seguintes, a gestão projeta avanço adicional no ciclo de caixa, especialmente pelo efeito integral das renegociações de contas a receber, além de manutenção da disciplina de custos. A meta é manter o foco na rentabilidade, consolidar a integração das aquisições realizadas e fortalecer a estrutura de capital até o retorno aos níveis de alavancagem considerados adequados pelo mercado.

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