Trump ameaça emissoras de TV após suspensão de Kimmel
Trump ameaça emissoras de TV ao dizer que redes “97% negativas” contra ele “talvez” devessem ter suas licenças revogadas, comentário feito a bordo do Air Force One na quinta-feira (12).
A declaração surgiu depois de a ABC suspender o programa “Jimmy Kimmel Live!” por tempo indeterminado. O apresentador foi afastado na quarta-feira (11) por associar o suspeito do assassinato do influenciador conservador Charlie Kirk a apoiadores de Donald Trump, apesar de a polícia de Utah ter informado que o acusado seguia ideologia de esquerda.
Trump ameaça emissoras de TV após suspensão de Kimmel
Ao conversar com repórteres, o ex-presidente citou supostos levantamentos que indicariam cobertura 97% negativa contra ele nas grandes redes. “Eles só me dão má publicidade. Recebem uma licença, acho que talvez devessem perdê-la”, afirmou.
A polêmica ganhou força porque a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) já havia sinalizado “medidas” contra a ABC. O presidente do órgão, Brendan Carr, declarou à Fox News que a suspensão de Kimmel “não é o último passo” e que emissoras podem “entregar a licença” caso discordem.
Especialistas em direito constitucional, contudo, lembram que a Primeira Emenda dos EUA protege a liberdade de expressão e torna difícil ao governo retirar licenças apenas por discordância política. Segundo análise publicada pela BBC, a FCC tem autoridade sobre emissoras abertas, mas quase nenhuma sobre canais a cabo ou conteúdo de streaming.
A decisão da ABC ocorreu horas depois de a Nexstar Media, que tenta aprovação da FCC para uma fusão de US$ 6,2 bilhões com a Tegna, anunciar que deixaria de exibir o talk show “por tempo indeterminado”. Já a Sinclair, maior afiliada da ABC, programou um especial em memória de Kirk no horário de Kimmel.
A suspensão provocou reação de figuras públicas. O ex-presidente Barack Obama considerou a medida “um novo e perigoso nível de cancelamento”. No lado oposto, o empresário Dave Portnoy argumentou que se trata de “consequências por ações” e não de “cultura do cancelamento”.

Imagem: Internet
Enquanto o debate sobre liberdade de imprensa e discurso político se intensifica, a viúva de Kirk, Erika Kirk, foi anunciada como nova presidente da Turning Point USA, organização cofundada pelo ativista assassinado. O suspeito Tyler Robinson, 22, responde por homicídio qualificado, e promotores buscam a pena de morte.
Até o momento, a ABC não divulgou prazo para o retorno de Jimmy Kimmel. A FCC, por sua vez, promete continuar “responsabilizando radiodifusores que não sirvam ao interesse público”, mantendo acesa a tensão entre o governo e as grandes redes de televisão.
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Crédito da imagem: Getty Images