Trabalhadores sul-coreanos detidos nos EUA retornam a Seul
Trabalhadores sul-coreanos detidos nos EUA desembarcaram nesta sexta-feira (12) no Aeroporto Internacional de Incheon, encerrando um capítulo que expôs fissuras diplomáticas entre Washington e Seul e colocou em xeque bilhões de dólares em investimentos coreanos nos Estados Unidos.
O voo da Korean Air trouxe 330 passageiros, entre eles 316 cidadãos da Coreia do Sul, recebidos por familiares que exibiam cartazes de “bem-vindos de volta” e entoavam aplausos. A cena de alívio contrastou com as imagens da semana passada que mostraram parte do grupo algemado durante a operação migratória em uma fábrica de baterias da Hyundai Motor e LG Energy Solution, em construção no Estado da Geórgia.
Trabalhadores sul-coreanos detidos nos EUA retornam a Seul
A ação de 4 de setembro, considerada sem precedentes, provocou queda de 5 pontos na aprovação do presidente Lee Jae Myung, agora em 58%, segundo a Gallup Korea. Analistas atribuem o recuo à percepção de vulnerabilidade diante dos EUA, especialmente após a recente cúpula entre Lee e Donald Trump, que incluiu a promessa de Seul investir US$ 350 bilhões em solo americano.
Impacto industrial e temores de investimento
De acordo com o CEO da Hyundai, José Muñoz, a construção da planta na Geórgia já acumula “vários meses” de atraso, gerando efeito cascata na cadeia automotiva. Enquanto isso, empresas sul-coreanas avaliam o risco de novas operações migratórias, fator que pode redirecionar capital para outros mercados.
Debate sobre vistos e tarifas
Recebendo os trabalhadores no aeroporto, o chefe de gabinete Kang Hoon-sik afirmou que o governo pressiona Washington por melhorias no sistema de vistos, incluindo a criação de uma categoria específica para mão de obra especializada. Em contraponto, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, declarou à Bloomberg que Seul deve aceitar o acordo comercial que exige investimentos nos EUA ou enfrentar tarifas de 15% sobre produtos coreanos.
Reações de familiares
Entre abraços e lágrimas, Cho Yang-soon, de 67 anos, contou que passou noites em claro sem notícias do filho, soldador de tubulações detido na ação. Outro caso que comoveu o público foi o de uma mulher grávida que viajou ao lado do marido algemado; ela relatou que chegou a registrar boletim de ocorrência após três dias sem contato.

Imagem: Internet
Consequências econômicas
A pressão comercial ocorre em um momento delicado: as exportações sul-coreanas para os EUA recuaram 12% em agosto na comparação anual. Além disso, Trump ainda não assinou a ordem executiva que reduziria tarifas sobre carros coreanos, ponto central das negociações de julho.
Apesar das incertezas, a LG Energy pretende enviar nova leva de técnicos aos Estados Unidos, mas aconselhou o grupo recém-retornado a permanecer na Coreia do Sul temporariamente.
O episódio evidencia como questões migratórias podem afetar cadeias globais e relações bilaterais. Para acompanhar desdobramentos sobre comércio internacional e indústria, visite nossa editoria de Economia e Negócios e fique informado.
Crédito da imagem: Bloomberg