Timelapse revela aurora boreal sobre o Mar do Norte em noite rara no Reino Unido
Um vídeo em timelapse registou a passagem da aurora boreal sobre o Mar do Norte, fenómeno visível na noite de segunda-feira a partir de vários pontos do Reino Unido. A sequência, criada a partir de 782 fotografias captadas ao longo de três horas e 40 minutos, mostra o brilho esverdeado a dançar no céu e já se tornou referência para quem acompanha a atividade solar.
Captação decorreu em Flamborough, East Yorkshire
As imagens foram obtidas em Flamborough, localidade costeira no condado de East Yorkshire. O trabalho ficou a cargo da Astro Dog, empresa dedicada à astronomia e astrofotografia sediada em Scarborough, a poucos quilómetros do local de observação. Segundo a companhia, o equipamento foi programado para disparar em intervalos regulares durante toda a janela de maior probabilidade de ocorrência do fenómeno, convertendo depois as fotografias num vídeo acelerado que concentra num curto espaço de tempo as mudanças de luz no horizonte.
Flamborough é conhecido pelas falésias calcárias que se projetam para o Mar do Norte, oferecendo um cenário limpo de poluição luminosa e com vista desimpedida para o Norte. Estas condições explicam a escolha do ponto de filmagem, reforçada ainda pela previsão de céu limpo emitida pelos serviços meteorológicos.
Janela curta de visibilidade e nova oportunidade esta noite
A aurora boreal resulta da interação entre partículas solares carregadas e o campo magnético terrestre. Quando um fluxo de vento solar mais intenso atinge a atmosfera, aumenta a probabilidade de formação das luzes polares em latitudes habitualmente mais temperadas. Foi o que ocorreu na segunda-feira, permitindo ao público britânico observar o fenómeno sem necessidade de viajar para a Escócia ou para países nórdicos.
Especialistas em meteorologia espacial indicam que a mancha solar responsável por este aumento de atividade mantém-se virada para a Terra. Por esse motivo, existe nova possibilidade de avistamento na noite de terça-feira, sobretudo em áreas com pouca iluminação artificial e céu desanuviado. Recomenda-se a quem pretenda observar o espetáculo celeste que procure locais abertos, com horizonte livre, e reduza o uso de luzes durante a observação.
Técnica de timelapse condensa horas em segundos
A técnica utilizada pela Astro Dog consiste em captar uma fotografia em intervalos curtos — neste caso, 782 registos — e juntar todas as imagens numa sequência de vídeo. Com o método, alterações subtis de luminosidade tornam-se perceptíveis e o movimento das cortinas coloridas é evidenciado de forma contínua. A empresa afirma que o processo total, desde a instalação do equipamento até à montagem final, ocupou a equipa durante grande parte da noite e da madrugada seguinte.

Imagem: Internet
Para além do valor artístico, o material pode ser analisado por investigadores que estudam a dinâmica das auroras. A contagem de quadros e o registo temporal permitem estimar a duração das fases de maior intensidade e comparar com dados de sensores solares instalados em satélites.
Auroras no Reino Unido são ocasiões pouco frequentes
Embora não seja impossível ver a aurora boreal em latitudes britânicas, o fenómeno depende de condições específicas — nomeadamente tempestades geomagnéticas moderadas ou fortes. A Agência Meteorológica do Reino Unido confirma que, em anos de pico de atividade solar, o número de avistamentos tende a subir. Ainda assim, continua a ser um evento pontual a sul da Escócia.
A divulgação do timelapse gerou curiosidade entre entusiastas e público em geral. Vários utilizadores de redes sociais partilharam o vídeo, contribuindo para aumentar o interesse por observações astronómicas locais. A Astro Dog já indicou que pretende repetir a experiência sempre que as previsões apontarem para níveis elevados de atividade auroral.
Os serviços de previsão espacial recomendam acompanhar os alertas oficiais ao longo do dia. Caso as condições se mantenham favoráveis, a noite de terça-feira pode voltar a oferecer um espetáculo luminoso semelhante, visível a olho nu em zonas afastadas da iluminação urbana.