Nova rodada de tarifas de Trump atinge mais de 90 países e coloca Brasil na alíquota máxima de 50%

Nova rodada de tarifas de Trump atinge mais de 90 países e coloca Brasil na alíquota máxima de 50%

Entrou em vigor nesta quinta-feira (7) a nova tabela tarifária anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que revê completamente o sistema de “tarifas recíprocas” aplicado a produtos de parceiros estrangeiros. As mudanças alcançam mais de 90 países e distribuem os percentuais em quatro grandes faixas, que vão de 10% a 50% sobre o valor importado.

Quatro grupos de tributação

No topo da escala estão Brasil e Índia, agora sujeitos a uma tarifa total de 50%. Para essas duas economias, a alíquota de 10% prevista no sistema original foi acrescida de uma sobretaxa de 40%. No caso brasileiro, a Casa Branca justificou a medida como reação a supostas violações à liberdade de expressão e a alegada perseguição política. Apesar da elevação, Brasília recebeu a maior lista de exceções entre todos os países afetados: 694 itens foram isentados, reduzindo o peso direto sobre o Produto Interno Bruto nacional.

O segundo patamar engloba nações com cobranças entre 30% e 41%. Síria (41%) aparece logo abaixo dos líderes, seguida por Laos (40%) e Mianmar (40%). Também nesse bloco figuram Suíça (39%), Canadá (35%), Iraque (35%) e Sérvia (35%). África do Sul, Argélia, Líbia, Bósnia e Herzegovina e Cazaquistão ficaram com tarifa de 30%.

No terceiro grupo, com alíquotas entre 15% e 25%, estão economias asiáticas e europeias. Vietnã paga 20%, enquanto Indonésia e Filipinas arcam com 19%. Taiwan, Bangladesh, Sri Lanka e Tailândia ficaram em 20%, e países como Tunísia, Brunei e Moldávia, em 25%. Esse segmento inclui ainda Israel, Turquia, Costa Rica, Equador, Noruega, Venezuela e diversos integrantes da União Europeia, todos com tarifa uniforme de 15%.

O quarto e último bloco reúne dezenas de países que permaneceram com a tarifa base de 10%, considerada a condição mais favorável do novo regime. Entre eles aparecem Argentina, Arábia Saudita, Austrália, Colômbia, Chile, Peru, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Uruguai e nações de menor porte econômico espalhadas pela África, Caribe, Oceania e Ásia Central.

Casos ainda em negociação

México e China integram uma lista provisória. Para a economia mexicana, Washington estabeleceu tarifa preliminar de 25%; para Pequim, 30%. A aplicação desses percentuais foi adiada, mantendo as partes na mesa de negociação. Caso haja acordo, os números podem ser reduzidos ou elevados antes de se tornarem definitivos.

Critérios combinam comércio e política

De acordo com a administração Trump, a revisão partiu de uma combinação de fatores comerciais, geopolíticos e de segurança nacional. Países que mantêm estreitas relações com rivais estratégicos dos EUA sofreram aumentos consideráveis. A Índia, por exemplo, recebeu sobretaxa de 25% por manter parcerias com a Rússia, elevando sua tarifa total aos mesmos 50% aplicados ao Brasil.

Noutros casos, tentativas de negociação produziram reduções parciais. Vietnã, Indonésia e Filipinas, inicialmente cotados para percentuais superiores a 25%, fecharam acordo em torno de 20% ou menos. Por outro lado, a Suíça buscou um patamar mais baixo, mas acabou posicionada em 39% por não apresentar contrapartidas que satisfizessem Washington.

Impacto regional e setorial

A elevação generalizada afeta cadeias de suprimentos em setores variados, de alimentos processados a tecnologia avançada. No Brasil, apesar das 694 exceções, produtos como aço, alumínio e determinadas máquinas agrícolas entram na lista completa de 50%, potencializando custos para exportadores e importadores. No Canadá, o índice de 35% recai sobre madeira, produtos químicos e insumos automotivos. Já a União Europeia, com tarifa uniforme de 15%, deve sentir impacto significativo em automóveis, vinhos, queijos e itens de luxo.

Economias menores que permaneceram com a alíquota mínima tendem a enfrentar menor pressão imediata. Mesmo assim, analistas de comércio internacional apontam que a medida pode redirecionar fluxos globais, já que empresas buscarão fornecedores em países menos tributados para contornar o acréscimo de custos.

Prazos e ajustes futuros

O pacote tarifário é válido a partir desta quinta-feira, com possibilidade de revisão trimestral. Autoridades norte-americanas afirmam que novos ajustes dependerão da resposta dos parceiros e do cenário político interno. Países que demonstrarem alinhamento em questões consideradas estratégicas pelo governo Trump poderão negociar reduções ou exclusões para itens específicos.

No curto prazo, a expectativa é de que o comércio bilateral com os Estados Unidos passe por reprecificação e revisão logística. Empresas afetadas têm encaminhado pedidos de isenção ao Departamento de Comércio norte-americano, mas não há prazo definido para resposta.

Com a adoção das novas taxas, Donald Trump consolida a política de tarifação agressiva que marcou seu mandato anterior e volta a usar o comércio exterior como instrumento de pressão política. Enquanto Brasil e Índia dividem o topo da lista com 50%, inúmeros aliados tradicionais dos EUA, como Canadá, Japão, Alemanha e França, também enfrentam aumento substancial, sinalizando que o escopo da medida é amplo e não poupa nem mesmo parceiros históricos.

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