Suzano e Klabin devem apresentar ganhos de Ebitda no 2º trimestre de 2025 apesar da queda da celulose
Mesmo com a desvalorização da celulose no mercado internacional durante o segundo trimestre de 2025 (2T25), as principais casas de análise veem espaço para avanços operacionais em Suzano e Klabin. Os relatórios de XP Investimentos, Itaú BBA e Genial Investimentos indicam expectativa de expansão de volumes, diluição de custos e leve melhora de preços realizados, fatores que devem sustentar o Ebitda das duas fabricantes de papel e celulose.
Suzano: retomada da produção e efeito do Projeto Cerrado
A Suzano (SUZB3) divulgará seu balanço em 6 de agosto, depois do fechamento do mercado. Para a XP Investimentos, o período deve registrar um incremento de 19% no Ebitda frente ao trimestre anterior, apoiado por volumes maiores, preços médios de celulose um pouco mais altos e custos menores. A corretora não detalhou valores absolutos, mas projeta “números resilientes” em função da recomposição operacional.
No Itaú BBA, a estimativa é de avanço de 22% no Ebitda ante o primeiro trimestre, totalizando R$ 5,960 bilhões. O banco cita como principal catalisador a base comparativa mais fraca do 1T25, quando a companhia passou por um extenso ciclo de paradas para manutenção.
Já a Genial Investimentos destaca a volta da operação a plena capacidade, incluindo as linhas do Projeto Cerrado. A casa prevê embarques de 3,1 milhões de toneladas, impulsionados tanto pela rampa de produção da nova planta quanto pelo fim da estratégia de recomposição de estoques. O preço realizado deve recuar para R$ 3.161 por tonelada, reflexo do câmbio, porém o custo de produção por tonelada ex-paradas tende a cair 5,3% na comparação trimestral, graças à diluição de despesas fixas e menor pressão de insumos.
Nesse cenário, a Genial calcula receita líquida de R$ 12,5 bilhões e Ebitda ajustado de R$ 5,9 bilhões. O lucro contábil é estimado em R$ 4,8 bilhões, valor influenciado por menor impacto positivo da variação cambial sobre a dívida em dólar, sem efeito relevante de caixa. A corretora mantém recomendação de compra para as ações e preço-alvo de R$ 63,50.
Klabin: volumes maiores em celulose, papel e embalagens
A Klabin (KLBN11) publicará os números do 2T25 em 5 de agosto, antes da abertura da B3. Para o Itaú BBA, o Ebitda deve alcançar R$ 2,15 bilhões, crescimento de 15,6% contra o trimestre imediatamente anterior e de 4,8% na base anual. O banco vê impacto positivo de receitas mais fortes e alívio de custos em todos os segmentos.
De acordo com a Genial Investimentos, a companhia apresentará melhora sequencial puxada pelo aumento de volumes em todas as unidades de negócio. O destaque deve ficar com os embarques de BHKP (Bleached Hardwood Kraft Pulp), que devem superar a capacidade instalada no trimestre. Esse salto é atribuído ao despacho de pedidos acumulados no 1T25, período em que a fábrica de Ortigueira (PR) enfrentou gargalos operacionais.

Imagem: infomoney.com.br
No segmento de caixas de papelão ondulado, a corretora projeta evolução modesta, enquanto papel cartão pode registrar retração de volume em relação ao ano anterior. Para Kraftliner, após vários trimestres de reajustes positivos, o preço realizado estimado é de R$ 4.096 por tonelada. A variação reflete mudança no mix geográfico, com maior exposição a Índia, China e Equador, mercados considerados menos saturados e com tíquete médio inferior.
Em celulose BHKP, o preço deve ficar em R$ 3.315 por tonelada, influenciado por efeito carry-over e maior participação das vendas para a Europa. Para BSKP + Fluff, a expectativa é de R$ 5.626 por tonelada. Papel cartão e caixas de papelão ondulado devem manter preços estáveis.
Essas premissas levam a receita líquida projetada de R$ 5,1 bilhões, com avanço nas três principais divisões da companhia. Na comparação anual, o desempenho é parcialmente limitado pela queda no preço médio de BHKP. O custo por tonelada ex-paradas deve ficar em R$ 1.250, representando leve redução frente ao primeiro trimestre.
Como resultado, a Genial prevê Ebitda consolidado de R$ 2,0 bilhões. O lucro líquido deve atingir R$ 361 milhões, influenciado pela piora no resultado financeiro. A corretora reiterou recomendação de compra para KLBN11 e preço-alvo de R$ 23,50.
Pressão de preços contrasta com ganhos operacionais
Apesar da queda das cotações internacionais da celulose ao longo do 2T25, os analistas apontam que a recuperação de volumes, a diluição de custos fixos e a redução das despesas com manutenção devem compensar parte do efeito negativo nos preços. Dessa forma, Suzano e Klabin caminham para divulgar resultados mais robustos que os observados no início do ano, reforçando a visão de resiliência para o setor no curto prazo.