Sistema russo “Mão Morta” acende alerta nuclear e leva Trump a reposicionar submarinos

Sistema russo “Mão Morta” acende alerta nuclear e leva Trump a reposicionar submarinos

O sistema de retaliação nuclear da Rússia, popularmente chamado de Mão Morta e oficialmente identificado como Perimetr, voltou ao centro das preocupações internacionais após uma recente ameaça de uso emitida por autoridades de Moscou. Na sexta-feira, 1º de março, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou o reposicionamento de submarinos armados com ogivas nucleares nas proximidades do país euro-asiático, numa resposta direta ao risco representado pelo dispositivo.

Concebido para garantir um contra-ataque mesmo na ausência de comando humano, o Perimetr é descrito por analistas como uma “arma apocalíptica”. O apelido Mão Morta deriva justamente da capacidade de ser ativado de modo automático caso as principais lideranças russas sejam neutralizadas em um primeiro ataque. A existência do sistema foi revelada ao público em 1993, quando o New York Times divulgou uma reportagem detalhando sua lógica de disparo.

Como o Perimetr opera

O mecanismo depende de uma rede de sensores instalados em torno de antigos centros de comando soviéticos. Esses dispositivos monitoram indícios de explosões nucleares, radiação, variações de pressão e sinais sísmicos. Quando um ataque é detectado, o sistema inicia um protocolo de múltiplas confirmações:

  • Primeiro, os dados são enviados para a central de comando principal.
  • Em seguida, oficiais de alto escalão precisam responder, por rádio ou linha dedicada, a perguntas binárias sobre a gravidade da ofensiva.
  • Se o presidente da Rússia estiver vivo e em condições de comunicação, a decisão final é solicitada a ele.
  • Na ausência de resposta, o Perimetr consulta a maleta nuclear Cheget, operada por oficiais designados.
  • Se ainda assim não houver retorno, centros de comando das Forças de Foguetes Estratégicos são automaticamente contatados.
  • Sem autorização humana após todas as etapas, o próprio sistema libera o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais.

Durante o voo, esses projéteis emitem códigos de ativação a outros silos e plataformas móveis distribuídos pelo território russo, multiplicando o número de ogivas em rota contra alvos previamente determinados. Dessa forma, mesmo um ataque que eliminasse a cúpula governamental e a cadeia de comando não impediria a retaliação.

Origem na Guerra Fria

Documentos de inteligência indicam que o projeto começou na década de 1970, auge da tensão entre União Soviética e Estados Unidos. O Kremlin temia perder vantagem estratégica diante da expansão do arsenal norte-americano. Segundo o Centro para Análises Navais (CNA), o Perimetr foi colocado em operação em 1986, ainda sob Mikhail Gorbachev.

A lógica por trás do sistema baseava-se no conceito de garantia de destruição mútua: se a URSS pudesse responder a um golpe devastador, eventuais adversários pensariam duas vezes antes de iniciar uma ofensiva. Embora desenvolvida há quase quatro décadas, a estrutura permanece funcional, de acordo com avaliações recentes de serviços de inteligência.

Reação dos Estados Unidos

A ameaça russa de acionar a Mão Morta levou Washington a adotar contramedidas. A ordem de Donald Trump reposicionou submarinos equipados com mísseis Trident perto de áreas estratégicas, reforçando a postura defensiva norte-americana. O Pentágono não divulgou detalhes sobre o número de embarcações ou a localização exata, mas a movimentação sinaliza o grau de preocupação com um possível disparo automático de ogivas russas.

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Imagem: Hamara via olhardigital.com.br

A decisão ocorre num contexto de deterioração dos acordos de controle de armas. A suspensão do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) e a incerteza quanto à renovação do New START ampliam o receio de erros de cálculo ou falhas de comunicação que possam ativar sistemas como o Perimetr.

Marco na história nuclear

O debate sobre a Mão Morta destaca como os arsenais atuais descendem de tecnologias desenvolvidas ainda nos primórdios da era atômica. O primeiro teste nuclear, conhecido como Teste Trinity, foi conduzido pelos Estados Unidos em julho de 1945, no deserto do Novo México. A explosão gerou um mineral apelidado de trinitita, cuja análise décadas depois revelou a presença de um tipo de matéria incomum, o quasicristal.

Ao contrário dos cristais tradicionais, cujas redes atômicas se repetem em padrões regulares, quasicristais apresentam ordenações que não se repetem no espaço tridimensional. Essa descoberta ilustra o impacto dos experimentos nucleares não apenas na geopolítica, mas também na ciência dos materiais.

Situação atual e perspectivas

Enquanto Rússia e Estados Unidos mantêm arsenais suficientes para destruir o planeta várias vezes, especialistas lembram que dispositivos de retaliação automática elevam o risco de lançamento por engano. Um alerta falso ou falha técnica poderia acionar protocolos difíceis de interromper. Ainda assim, Moscou considera o Perimetr essencial para sua estratégia de dissuasão, e Washington enxerga o sistema como ameaça direta à própria segurança nacional.

Com as conversações sobre controle de armamentos em compasso de espera, a presença da Mão Morta no cenário estratégico reforça a importância de canais de diálogo permanentes e mecanismos de verificação confiáveis, elementos que têm se tornado cada vez mais escassos nas relações entre as duas potências.

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