Santos Brasil reduz participação dos EUA para 4,5% e concentra exportações na Ásia
São Paulo, 15 de agosto de 2025 – A Santos Brasil, operadora do maior terminal de contêineres da América do Sul, redirecionou suas rotas e hoje envia apenas 4,5% das cargas para os Estados Unidos, ante 19% até março. No sentido oposto, o volume destinado à Ásia saltou de 28% para 45%, movimento impulsionado pela entrada da armadora francesa CMA CGM, que assumiu 51% do capital da companhia em abril.
OPA em andamento para fechar capital
A CMA CGM lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) para comprar as ações em circulação e retirar a empresa da B3. O leilão encerra-se em 11 de setembro, com preço de R$ 13,60 por papel – o mesmo valor pago ao Opportunity pelo bloco de 48% adquirido por R$ 6,3 bilhões. Na última quinta-feira (14), as ações fecharam a R$ 14,11.
Entre os acionistas relevantes estão as gestoras SPX, com 5,11% (44,1 milhões de ações), e Absolute, com 5,06% (43,7 milhões). Juntas, elas detêm aproximadamente R$ 1,2 bilhão em ações pelo preço de mercado. Apesar da diferença de 3,75% entre o valor oferecido e a cotação atual, fontes do mercado avaliam que a CMA CGM não deve enfrentar obstáculos para concluir a operação.
Investimentos de R$ 1,2 bilhão no biênio 2025-2026
Para atender à maior demanda asiática, a Santos Brasil planeja investir R$ 1,2 bilhão no Tecon Santos até 2026. O projeto inclui a demolição de um prédio administrativo, aquisição de oito novos guindastes elétricos de pátio e dois guindastes de cais operados remotamente. A meta é ampliar a capacidade de armazenagem de 2,7 milhões para 3 milhões de TEUs até o fim de 2026.
O aporte faz parte de um ciclo de R$ 2,6 bilhões em capex até 2031, contemplando novas tecnologias, otimização logística e descarbonização. A companhia planeja substituir todos os 39 guindastes a diesel por modelos elétricos, o que deverá cortar 97% das emissões de CO₂ desses equipamentos.
Desempenho operacional
No segundo trimestre de 2025, a receita líquida da Santos Brasil somou R$ 880,9 milhões, alta de 25,3% sobre o mesmo período de 2024. O Ebitda avançou 35,2%, para R$ 456,7 milhões, enquanto o lucro líquido cresceu 12,6%, atingindo R$ 193,4 milhões.
Entre abril e junho, a empresa movimentou 382,4 mil contêineres em todos os terminais, 3% acima do volume de um ano antes. Só em Santos foram 340,9 mil unidades, cerca de 90% do total. Em julho, a operadora registrou recorde sul-americano, com 135 mil contêineres movimentados em um único mês, alcançando participação de 43% nas cargas conteinerizadas do porto santista.

Imagem: neofeed.com.br
Menor exposição às tarifas norte-americanas
Ao reduzir a dependência do mercado norte-americano, a companhia praticamente neutraliza o impacto do tarifaço de 50% anunciado pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. “Depois da troca de mix de serviços, essa tarifa afeta menos de 5% das nossas operações”, afirmou o CFO Daniel Pedreira Dórea em teleconferência de resultados.
Com a verticalização proporcionada pela CMA CGM, que transferiu seus navios do Brasil Terminal Portuário e da DP World para o Tecon Santos, a empresa passa a competir em condições semelhantes às de MSC e Maersk, que já possuem terminais próprios no porto de Santos.
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Com informações de NeoFeed