Riek Machar é acusado de assassinato e traição
Riek Machar é acusado de assassinato e traição logo após o Ministério da Justiça do Sudão do Sul apresentar, nesta terça-feira (18), denúncias formais contra o primeiro vice-presidente. As acusações incluem assassinato, traição e crimes contra a humanidade, supostamente ligados a um ataque ocorrido em março na cidade de Nasir.
O ministro da Justiça, Joseph Geng Akech, afirmou que o episódio foi conduzido pelo grupo armado White Army, composto majoritariamente por combatentes da etnia Nuer, a mesma de Machar. Segundo o governo, cerca de 250 soldados e um general morreram, e um helicóptero da ONU foi alvejado, resultando na morte do piloto.
Riek Machar é acusado de assassinato e traição
Desde março, o vice-presidente está em prisão domiciliar na capital, Juba, onde tanques e tropas bloqueiam as vias de acesso à sua residência. Organismos internacionais como ONU e União Africana pedem moderação, temendo que o caso reacenda o conflito civil encerrado em 2018, que deixou quase 400 mil mortos.
Além de Machar, outras sete figuras políticas foram indiciadas, entre elas o ministro do Petróleo, Puot Kang Chol, e o vice-chefe do Estado-Maior do Exército, tenente-general Gabriel Duop Lam. Outras 13 pessoas permanecem foragidas, informou Akech. Machar e Chol também foram suspensos de suas funções governamentais.
Para o porta-voz de Machar, Puok Both Baluang, o processo é uma “perseguição política” destinada a “desmantelar o acordo de paz”. Ele argumenta que o Judiciário sul-sudanês carece de independência e atua sob influência do presidente Salva Kiir. Kiir e Machar lideraram lados opostos durante a guerra civil de 2013 a 2018, encerrada por um acordo que hoje parece ameaçado.

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“Esta ação envia um recado claro: quem comete atrocidades contra o povo do Sudão do Sul será responsabilizado, independentemente do cargo”, declarou o ministro, conforme repercutido pela agência Reuters.
O Sudão do Sul tornou-se independente em 2011, mas mergulhou em conflito interno apenas dois anos depois. Analistas alertam que as tensões étnicas persistentes e a disputa pelo poder entre Kiir e Machar podem conduzir o país à instabilidade novamente.
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Crédito da imagem: Reuters