Revolut eleva avaliação para 75 mil milhões de dólares e ultrapassa Nubank

Revolut eleva avaliação para 75 mil milhões de dólares e ultrapassa Nubank

A Revolut foi avaliada em 75 mil milhões de dólares numa operação secundária de venda de ações detidas por funcionários, valor que coloca o banco digital britânico à frente do Nubank e de grandes bancos tradicionais.

Operação dá liquidez a colaboradores

O programa agora anunciado permite aos trabalhadores da Revolut alienar até 20 % das participações que detêm na fintech. A venda, limitada a investidores já presentes no capital — entre eles Coatue e Tiger Global Management —, não introduz novas ações no mercado, funcionando exclusivamente como mecanismo de liquidez interna.

Em comunicado, a empresa referiu que «oferece regularmente oportunidades de liquidez» aos colaboradores, sem comentar o valor alcançado. Segundo o Financial Times, o montante de referência é de 75 mil milhões de dólares, bem acima dos 45 mil milhões registados numa iniciativa semelhante realizada em agosto do ano passado.

Novo patamar na corrida dos bancos digitais

Com esta valorização, a Revolut ultrapassa o Nubank, avaliado em 71,5 mil milhões de dólares, e supera ainda o Itaú (71,9 mil milhões) e o ING (70,6 mil milhões). O marco reforça a disputa direta entre as duas maiores fintechs do mundo, que competem pelo mesmo segmento de banca móvel e soluções financeiras integradas.

Apesar do salto no valor de mercado, a base de clientes da Revolut continua menor do que a do rival brasileiro. A fintech britânica avançou 38 % entre 2023 e 2024, para 52,5 milhões de utilizadores, enquanto o Nubank soma 122,7 milhões de contas ativas nos três países onde opera, uma subida anual de 17 %.

Expansão global e foco na América Latina

Detentora de licença bancária plena em 30 países do Espaço Económico Europeu, a Revolut tem acelerado a entrada em novos mercados fora da Europa. Brasil e restante América Latina figuram nas prioridades da empresa, que vê na região espaço para replicar o modelo de contas multimoeda, cartões sem comissões de câmbio e serviços de investimento integrados.

No Brasil, o banco digital lançou recentemente uma conta corrente em reais com cartão de débito, pagamentos de contas e integração com o sistema Pix. De acordo com Glauber Mota, diretor-geral da operação brasileira, a meta «é concorrer a longo prazo com os grandes bancos e fintechs instalados». A estratégia inclui ainda a oferta de produtos de câmbio instantâneo e de investimento em mercados globais, posicionando a Revolut como alternativa às plataformas locais.

Crescimento operacional sustenta avaliação

O volume transacionado através da aplicação cresceu 52 % no último ano, alcançando o equivalente a 1 bilião de libras esterlinas (cerca de 1,3 biliões de dólares). A empresa tem diversificado receitas com contas empresariais, subscrições premium e serviços cripto, mantendo foco na rentabilidade após apresentar lucro líquido pela primeira vez em 2023.

Embora não tenha anunciado nova captação de capital primário, o patamar atingido na venda secundária pode servir de referência para futuras rondas ou mesmo para uma oferta pública inicial. O mercado especula há vários anos sobre a entrada da Revolut em bolsa, contudo a administração tem adiado qualquer decisão nesse sentido.

Comparativo com o Nubank

O Nubank, sediado em São Paulo, continua a liderar em número de clientes e receita na América Latina, mas enfrenta maior exposição ao crédito de consumo e à regulação local. Já a Revolut aposta em serviços transfronteiriços e num ecossistema único para utilizadores espalhados por vários países, modelo que lhe confere diversificação geográfica.

Analistas observam que a diferença de 3,5 mil milhões de dólares nas avaliações pode alterar rapidamente, dependendo das condições de mercado e da execução de cada fintech. A competitividade crescente em pagamentos instantâneos, investimento e câmbio continuará a ditar o ritmo desta rivalidade.

Próximos passos

A concluir a operação de liquidez interna, a Revolut deverá concentrar-se na expansão de licenças bancárias fora da Europa e na integração de novos produtos, enquanto o Nubank prossegue o alargamento da sua oferta de crédito e seguros. Para os colaboradores da fintech britânica, a venda de até 20 % das ações representa uma oportunidade concreta de materializar ganhos, num momento em que a empresa consolida a posição de banco digital mais valioso do mundo.

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