Renda real do trabalho cresce e desafia controle da inflação
Renda real do trabalho mantém trajetória de alta pelo décimo mês consecutivo no Brasil, mesmo com a taxa de desemprego no trimestre móvel até julho recuando para 5,6%, novo piso histórico, segundo o IBGE.
De acordo com o instituto, o rendimento médio habitual, já descontada a inflação, subiu 0,2% sobre junho, alcançando R$ 3.485 mensais. Na comparação com julho de 2024, o avanço é de 3,8%, enquanto a massa de renda real cresceu 6,4% em igual período.
Renda real do trabalho cresce e desafia controle da inflação
Para Rodolfo Margato, economista da XP, o ganho de renda funciona como “amortecedor” da desaceleração econômica, mas adiciona pressão à inflação de serviços. A corretora projeta taxa de desemprego de 5,8% no fim de 2024 e expansão de 2,2% do PIB em 2025.
André Valério, do Inter, observa que parte do resultado positivo decorre de leve queda de 0,1 ponto na taxa de participação, para 62,3%, além da manutenção da informalidade em 37,8%, mínima histórica sem os efeitos da pandemia. O analista alerta que o aquecimento do mercado deve persistir até o terceiro trimestre, quando começará um processo gradual de desaceleração.
Igor Cadilhac, do PicPay, destaca o recorde de R$ 352,3 bilhões na massa de rendimento real, impulsionada pela combinação de salários mais altos e baixo desemprego. Já Claudia Moreno, do C6 Bank, projeta que a taxa de desocupação encerre 2025 perto de 5,5% e avalia que o Copom deve manter a Selic em 15% até o fim daquele ano, começando a reduzi-la só em 2026.
Segundo Alberto Ramos, do Goldman Sachs, as condições monetárias restritivas ainda não geraram inflexão significativa no mercado de trabalho. Para o Bradesco, embora haja alguma perda de tração na ocupação, a massa salarial deve seguir em alta no terceiro trimestre, sustentando o consumo.

Imagem: Internet
O desempenho robusto da força de trabalho, medido pelo IBGE, reforça o dilema do Banco Central: estimular a economia sem alimentar a inflação, principalmente nos serviços, sensíveis à renda.
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Crédito da imagem: IBGE