Putin admite acordo negociado, mas reitera ameaça de força contra a Ucrânia
O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, declarou esta quarta-feira, em Pequim, que continua disponível para encerrar a guerra na Ucrânia através de negociações, desde que “prevaleça o bom senso”. O líder russo avisou, contudo, que o recurso à força permanece em cima da mesa caso as conversações não avancem.
Discurso em Pequim após acordo energético
Putin falou aos jornalistas no fim de uma visita oficial à capital chinesa que resultou num entendimento sobre um novo gasoduto para abastecer a China. Questionado sobre o conflito na Ucrânia, o chefe de Estado afirmou identificar “uma certa luz ao fundo do túnel”, referindo-se ao que classificou como esforços genuínos dos Estados Unidos para impulsionar um entendimento.
“Se o bom senso prevalecer, será possível alcançar uma solução aceitável para terminar o conflito”, afirmou. Putin acrescentou que observa “disposição” por parte da atual administração norte-americana para encontrar uma saída diplomática, embora não tenham sido especificados contactos oficiais recentes.
Condições mantêm-se inalteradas
Apesar da abertura declarada, o presidente russo não sinalizou qualquer cedência relativamente às exigências que Moscovo mantém desde o início da invasão, em fevereiro de 2022. Entre essas condições, salientou a renúncia da Ucrânia a ingressar na NATO e o fim do que o Kremlin considera perseguição a falantes de russo em território ucraniano.
Putin reiterou igualmente que Moscovo se encontra disposto a acolher o homólogo Volodymyr Zelensky para uma reunião, mas apenas se o encontro for “bem preparado” e resultar em compromissos concretos. Kiev, por sua vez, rejeita realizar a reunião na capital russa; o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia classificou essa hipótese como “inaceitável”.
Kiev e Moscovo continuam distantes
Zelensky tem defendido encontros diretos com o líder russo para discutir um eventual entendimento, paralelamente à solicitação de novas sanções dos EUA contra Moscovo caso Putin não demonstre flexibilidade. Washington, que procura mediar um cessar-fogo, ameaça impor sanções secundárias à Rússia, mas a medida ainda não avançou.

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Perante as sanções ocidentais já em vigor, a economia russa revela sinais de pressão. Ainda assim, Putin garantiu preferir “terminar a guerra por meios pacíficos”, insistindo que o recurso às armas será considerado se a via diplomática falhar.
Anexações continuam contestadas
A Rússia reivindica a anexação de quatro regiões ucranianas — Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia —, estatuto não reconhecido por Kiev nem pela maioria da comunidade internacional. Para o governo ucraniano e aliados ocidentais, trata-se de ocupação ilegal respaldada por uma estratégia de conquista territorial.
Futuro depende de progressos diplomáticos
Com as posições ainda afastadas, o Kremlin espera sinais concretos tanto de Kiev como de Washington para retomar quaisquer conversações substanciais. Enquanto isso, os confrontos prolongam-se nas linhas da frente, sem indicação de cessar-fogo iminente.
Putin deixou claro que a ofensiva militar não será travada se as negociações não avançarem: “Teremos de cumprir todas as tarefas pela força das armas”, resumiu.