Milhares protestam em Jerusalém contra plano de ocupação total de Gaza City

Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Jerusalém para expressar oposição ao plano do governo israelense de assumir o controle completo de Gaza City. A concentração, formada majoritariamente por familiares de reféns e por ex-militares, avançou em direção à residência do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em meio a gritos e cartazes que pediam a suspensão da estratégia militar aprovada pelo gabinete de segurança.

Entre os participantes estava o ex-soldado Max Kresch, que carregava uma placa com a inscrição “I refused”. Segundo ele, mais de 350 militares que atuaram no conflito decidiram interromper a prestação de serviço, alegando que não pretendem continuar envolvidos em uma guerra que classificam como de motivação política. O grupo afirma que a continuação da ofensiva ampliará o risco para civis palestinos e para os próprios reféns israelenses mantidos em Gaza.

Os protestos não se limitaram à capital. Manifestações paralelas ocorreram em Haifa, no norte do país, e em Tel Aviv, centro comercial de Israel, indicando descontentamento nacional diante da nova fase do conflito. Em todas as cidades, a presença de faixas com fotos de reféns e pedidos de cessar-fogo foi constante.

A mobilização popular teve início após a aprovação, pelo gabinete de segurança israelense, de um plano que estabelece cinco princípios para o término da guerra: desarmar o Hamas, garantir o retorno de todos os reféns, desmilitarizar a Faixa de Gaza, assumir o controle de segurança de todo o território e criar uma administração civil alternativa que não inclua nem o Hamas nem a Autoridade Nacional Palestina. A proposta prevê, na prática, a ocupação integral de Gaza City por forças israelenses.

A Organização das Nações Unidas reagiu com preocupação, alertando que uma tomada militar completa da cidade poderá trazer “consequências catastróficas” para a população palestina já fragilizada e para os reféns israelenses ainda em poder do Hamas. O organismo internacional destacou, ainda, a necessidade de proteger infraestruturas civis e permitir a entrada de ajuda humanitária sem restrições.

O anúncio do plano também gerou críticas de vários governos. Reino Unido, França, Austrália, Turquia, Alemanha, Finlândia e Canadá divulgaram notas condenando a escalada militar. As autoridades desses países afirmaram que a ocupação total de Gaza City tende a agravar a crise humanitária, ampliar o número de vítimas civis e dificultar negociações para a libertação de reféns.

Imagens aéreas recentes, divulgadas por veículos internacionais, mostram extensas áreas de Gaza em ruínas após meses de bombardeios e combates. Segundo correspondentes estrangeiros que sobrevoaram a região, bairros inteiros foram reduzidos a escombros, com redes de água e energia severamente danificadas. A destruição reforça os alertas de organizações humanitárias sobre a urgência de corredores seguros para alimentos, medicamentos e combustível.

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Imagem: bbc.com

Durante a marcha em Jerusalém, familiares de sequestrados apelaram publicamente por uma solução diplomática que priorize a vida dos reféns. Muitos carregavam fotos, nomes e idades dos desaparecidos, enquanto entoavam cânticos exigindo ações governamentais imediatas. Para esses parentes, uma ocupação militar ampla pode colocar os sequestrados em risco adicional, diminuindo as chances de resgate em segurança.

Em Tel Aviv, os manifestantes se concentraram na Praça Habima, onde discursos improvisados destacaram a discordância de parte da sociedade israelense com a linha dura adotada pelo Executivo. Já em Haifa, grupos de estudantes universitários organizaram vigílias noturnas com velas, simbolizando as vidas afetadas dos dois lados do conflito.

Até o momento, o gabinete do primeiro-ministro mantém a decisão, alegando que a operação é indispensável para neutralizar a capacidade militar do Hamas e prevenir novos ataques contra Israel. No entanto, parlamentares de partidos da oposição pedem uma reavaliação da estratégia, argumentando que a falta de um plano político sustentável para o pós-guerra pode prolongar a instabilidade na região.

Especialistas em segurança observam que a implementação dos cinco princípios enfrenta obstáculo logístico complexo: a necessidade de manter presença militar prolongada em Gaza enquanto se organiza uma administração civil alternativa. Esse cenário levanta dúvidas sobre a viabilidade de restabelecer serviços básicos e garantir segurança para os habitantes locais durante a transição.

Enquanto isso, as manifestações continuam ganhando força. Organizações de familiares de reféns programam novos atos e pretendem ampliar o diálogo com a comunidade internacional para pressionar o governo israelense a reconsiderar a ocupação total de Gaza City. O desenrolar desses protestos e a resposta oficial devem definir os próximos passos de um conflito que já desperta intensa preocupação global.

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