Preço recorde da carne bovina nos EUA reforça margens da JBS, aponta BofA
Mercado norte-americano atinge novos máximos
Os preços da carne bovina nos Estados Unidos mantêm-se em níveis históricos, resultado da combinação entre oferta reduzida de gado e procura sazonal elevada, indica um relatório do Bank of America (BofA) divulgado esta terça-feira, 2 de julho. O índice Choice cutout — que mede o valor médio no atacado da carcaça de qualidade Choice — atingiu 415 dólares por 100 libras (45,36 kg) na sexta-feira, 29 de junho, o que representa um aumento anual de 35 %. Segundo os analistas, os preços tendem a alcançar o pico entre o primeiro e o segundo trimestre em anos de meio de ciclo pecuário; contudo, em 2025, ano classificado como fundo de ciclo, a expectativa é de estabilidade em patamares elevados até dezembro, caso a procura permaneça firme.
Historicamente, em anos de meio de ciclo, os valores recuam entre 5 % e 7 % no quarto trimestre; em anos de pico, o recuo chega a 8 %. Já nos anos de fundo de ciclo, como o previsto para 2025, verifica-se normalmente uma subida no segundo trimestre, seguida de manutenção. Desde fevereiro, o mercado norte-americano regista incrementos mensais consecutivos, tendência que sustenta as margens dos frigoríficos.
Melhora temporária nas margens dos produtores
O BofA destaca que a escalada de preços gerou uma recuperação de curto prazo nas margens spot das unidades de abate. No início de agosto, o sector operava com prejuízo de 307 dólares por cabeça; atualmente, obtém lucro de 75 dólares por cabeça. Para comparação, a margem média do segundo trimestre situou-se em menos 104 dólares por cabeça, enquanto a média parcial do terceiro trimestre ainda apresenta um resultado negativo de 93 dólares.
A retenção de novilhas, apontada pela JBS e pela Tyson na última conferência de resultados, já começou. Ambas as empresas estimam que as margens regressem a níveis considerados saudáveis apenas em 2027 ou 2028. A JBS projeta mesmo que o ponto mais baixo do ciclo ocorra entre o final de 2025 e o início de 2026.
Projeções do BofA para a JBS
Diante deste cenário, o banco de investimento antevê “melhoria sequencial” nos resultados do segmento de carne bovina da JBS nos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2025, em comparação com o segundo. Para a Tyson, a previsão é de desempenho estável, devido a bases de comparação mais exigentes. O BofA espera ainda margens ligeiramente superiores às de 2024 durante 2026.

Imagem: Internet
O relatório mostra que a estimativa de EBITDA para 2026 da JBS está 8 % acima do consenso de mercado. As ações da companhia negociam-se, segundo a instituição, a 6,3 vezes o valor da firma sobre o EBITDA projetado para 2026, enquanto a Tyson é avaliada a 7,9 vezes. Por esse motivo, o BofA mantém recomendação de compra para a JBS e posição neutra para a Tyson.
Reflexo na bolsa brasileira
No mercado brasileiro, os BDRs da JBS (código JBSS32) recuavam 0,24 % às 15h20 de terça-feira, cotados a 87,93 reais. Mesmo com a ligeira descida, o banco considera que as ações continuam descontadas face aos pares internacionais, sustentando o potencial de valorização.
Em síntese, a combinação de oferta limitada de gado, procura sazonal robusta e início da retenção de fêmeas apoia preços recorde nos Estados Unidos. Esta conjuntura traduz-se em margens momentaneamente positivas para os frigoríficos e alimenta a perspetiva de ganhos mais consistentes para a JBS nos próximos trimestres, segundo a análise do Bank of America.