Petrobras volta ao gás de cozinha; mercado vê risco
Petrobras volta ao gás de cozinha; mercado vê risco
Petrobras volta ao gás de cozinha; mercado vê risco na decisão da estatal de regressar à distribuição de GLP cinco anos após vender a Liquigás. Analistas apontam possível conflito de interesses e impacto no retorno aos acionistas.
Petrobras volta ao gás de cozinha; mercado vê risco
A Petrobras confirmou que seu Conselho de Administração aprovou o estudo de oportunidades no varejo de gás liquefeito de petróleo (GLP). Caso avance, a companhia voltará a atuar em toda a cadeia do segmento, do poço ao botijão, posição abandonada em 2020 com a venda da Liquigás por R$ 4 bilhões à Copagaz, origem da atual líder Copa Energia.
Fontes do setor classificam o movimento como “retrocesso” e alertam para um potencial abuso de poder econômico, já que a Petrobras produz cerca de 90% do GLP nacional e passaria a competir com as distribuidoras que abastece. Estima-se que a recomposição dessa estrutura exija mais de R$ 10 bilhões em aquisições ou investimentos — valor cujo retorno a médio prazo é incerto.
Desde que o fato relevante foi publicado, em 7 de agosto, a capitalização de mercado da estatal encolheu em R$ 35 bilhões. No período, as ações PETR3 recuaram 8,45% e PETR4, 7,25%. Para o economista Adriano Pires, fundador do CBIE, a empresa “olha pelo retrovisor” ao focar no downstream, quando o maior potencial de geração de valor está no pré-sal.
A presidente Magda Chambriard justificou o retorno citando margem média de 188% obtida pelas distribuidoras entre 2019 e 2023, informação contestada pelo setor. Paralelamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a redução do preço do botijão, objetivo que pressiona as margens e pode contrariar a lógica de rentabilidade.
O debate surge em meio à mudança regulatória proposta pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que inclui fim da exclusividade dos botijões e leilões mensais de GLP promovidos pela Petrobras desde novembro de 2024. Segundo o Sindigás, esses certames elevaram em 6% o custo do produto para as distribuidoras, com repasses de até 30% em estados como Pernambuco.

Imagem: Internet
Além disso, o Ministério de Minas e Energia prepara o programa social Gás para Todos, que prevê subsídio à compra do botijão para 16,6 milhões de famílias até 2027. Especialistas temem que a estatal assuma investimentos na troca de botijões e diminua aportes em áreas de maior retorno.
Num cenário de pressões políticas e incerteza regulatória, investidores acompanham a definição do plano de negócios da empresa, enquanto distribuidoras esperam clareza sobre a concorrência com seu principal fornecedor.
Para entender como outras decisões governamentais afetam empresas brasileiras, leia também nosso conteúdo em Economia e Negócios e siga atualizado.
Crédito da imagem: NeoFeed