Parlamento do Nepal: partidos exigem reinstalação
Parlamento do Nepal é o centro de uma nova disputa política após oito dos maiores partidos do país declararem que a dissolução da Câmara baixa, na sexta-feira (7), violou a Constituição.
Em nota conjunta divulgada no sábado, Nepali Congress, CPN-UML, Maoist Centre e outras cinco legendas afirmaram que o presidente Ram Chandra Poudel não tinha respaldo legal para extinguir o órgão legislativo, atendendo à recomendação da recém-empossada primeira-ministra interina Sushila Karki.
Parlamento do Nepal: partidos exigem reinstalação
O documento, assinado pelos líderes de bancada das oito siglas, reivindica que o Parlamento seja restabelecido “sem demora” para que as demandas populares — entre elas novas eleições marcadas para 5 de março de 2025 — sejam tratadas por “uma instituição eleita pelo povo”. Até o momento, o presidente Poudel não respondeu publicamente.
A crise eclodiu após o governo proibir 26 redes sociais, decisão que, em poucas horas, se transformou em protestos massivos liderados pela geração Z contra corrupção e privilégios da elite política. Confrontos com a tropa de choque deixaram mais de 50 mortos e culminaram no incêndio ao complexo Singha Durbar, que abriga Parlamento e sedes ministeriais, em Katmandu.
O então premiê KP Sharma Oli renunciou na terça-feira (4). No dia seguinte, Sushila Karki, de 73 anos e ex-presidente da Suprema Corte, tomou posse como primeira mulher a governar o Himalaia. Considerada de imagem ilibada, ela conta com apoio dos líderes estudantis que detonaram a mobilização, mas terá de lidar com múltiplos desafios: reconstruir prédios públicos, restaurar a ordem, atender às reivindicações juvenis e preservar o regime democrático.
Analistas ouvidos pela BBC alertam que o impasse institucional precisa de solução rápida para evitar novo ciclo de violência e retração econômica em um país já fragilizado por desigualdades.

Imagem: Internet
Com a posse de Karki, militares que patrulhavam Katmandu voltaram aos quartéis, enquanto o bloqueio às redes sociais foi suspenso. Ainda assim, ativistas prometem manter pressão até que os parlamentares retomem seus assentos e avancem em reformas anticorrupção.
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Imagem: EPA/Shutterstock