Orçamento 2026 da Argentina prevê superávit e gasto social

Orçamento 2026 da Argentina prevê superávit e gasto social

Orçamento 2026 da Argentina prevê superávit e gasto social. O presidente Javier Milei apresentou, em cadeia nacional, o projeto orçamentário que promete o primeiro superávit fiscal em duas décadas e direciona 85 % das despesas para saúde, pensões e educação. O anúncio acontece após semanas de crise, marcadas por denúncias de corrupção contra sua irmã Karina Milei e por uma derrota eleitoral na Província de Buenos Aires.

O mercado financeiro reagiu de imediato: o índice Merval subiu 2,3 %, enquanto títulos soberanos avançaram 5 %. A cotação do dólar recuou, aliviando a pressão sobre o regime de câmbio flutuante. Ainda assim, analistas destacam que o tom conciliador de Milei pode não ser suficiente para dissipar a volatilidade desencadeada pelos escândalos e pela incerteza eleitoral.

Orçamento 2026 da Argentina prevê superávit e gasto social

No pronunciamento gravado, Milei evitou ataques habituais e apelou ao Congresso e a governadores para aprovar reformas pendentes, classificando o equilíbrio fiscal como “pedra angular” de seu governo. Entre as principais cifras divulgadas, estão aumentos acima da inflação projetada de 14 % para 2026: 5 % em pensões, 17 % na assistência médica e 8 % nos benefícios por invalidez.

A guinada discursiva foi recebida com alívio, mas não sem reservas. Em nota a clientes, a fintech Inviu avaliou que a narrativa “ficou aquém das expectativas”, enquanto a consultoria Max Capital alertou que a combinação de juros menores e risco eleitoral mantém a moeda “sob pressão constante”. Parte dos temores decorre da proximidade das eleições legislativas de meio de mandato, em outubro, quando o partido de Milei tenta ampliar sua tímida participação de 15 % na Câmara e 11 % no Senado.

Para Carlos Pagni, colunista do jornal La Nación, o ar pragmático do discurso marca “uma virada talvez sem volta” no estilo combativo de Milei. O jornalista lembra que o encanto do presidente “se dissipou” após a derrota em Buenos Aires, exigindo agora estratégias mais tradicionais para garantir governabilidade.

Além das resistências internas, o governo enfrenta a tarefa de manter credibilidade internacional. Relatórios do BBC News indicam que investidores estrangeiros ainda aguardam sinais concretos de reforma cambial antes de ampliar exposição ao país.

O governo também precisa lidar com o impacto das denúncias que envolveram o setor farmacêutico em suposto esquema de propinas. Mesmo sem provas formais contra Karina Milei, a repercussão corroeu a retórica anticorrupção que impulsionou a campanha presidencial.

A cinco semanas das urnas, a dúvida central permanece: o discurso moderado será capaz de restaurar confiança dos eleitores e dos mercados? Consultorias como PPP lembram que o espaço para erros “é mínimo” e antecipam alta volatilidade até a definição do novo Congresso.

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Crédito da imagem: Reprodução

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