OpenAI recoloca seletor de modelos no ChatGPT e devolve opções antigas após críticas
Uma semana depois de lançar o GPT-5, a OpenAI voltou a disponibilizar um seletor de modelos mais amplo no ChatGPT. A medida reflete a necessidade de acomodar preferências variadas dos usuários, mesmo após a promessa de que o novo sistema dispensaria a navegação por diferentes versões da ferramenta.
Objetivo inicial de unificação
Quando o GPT-5 foi apresentado, a companhia afirmou que o modelo viria acompanhado de um “roteador” capaz de determinar, de forma automática, qual versão da inteligência artificial responderia melhor a cada solicitação. Esse mecanismo buscava acabar com o menu considerado extenso e confuso pelo CEO Sam Altman e, ao mesmo tempo, simplificar a experiência geral.
Entretanto, dificuldades identificadas no dia do lançamento prejudicaram a performance do roteador, gerando relatos de respostas menos satisfatórias em comparação com versões anteriores. Diante da repercussão, Altman participou de uma sessão de perguntas e respostas no Reddit para explicar os problemas.
Novos modos de operação
Em publicação na rede X, na terça-feira (13 de agosto de 2025), Altman anunciou três configurações para o GPT-5: Auto, Fast e Thinking. O modo Auto mantém o roteador ativo, enquanto Fast e Thinking permitem contornar o sistema automático e escolher diretamente entre um modelo mais veloz ou um mais aprofundado, porém mais lento.
Para o modo Thinking, o executivo informou um limite de 3.000 mensagens por semana, com capacidade adicional disponível a partir desse patamar. O controle de uso é aplicável a todos os assinantes pagantes da plataforma.
Retorno de modelos aposentados
Além das novas opções, usuários pagos voltaram a ter acesso ao GPT-4o, ao GPT-4.1 e ao modelo o3. Essas versões haviam sido descontinuadas poucos dias antes, o que provocou forte reação de quem já se acostumara ao estilo de resposta — e, em alguns casos, à “personalidade” — de cada variante.
Agora, o GPT-4o aparece por padrão no seletor, enquanto as demais podem ser ativadas no menu de configurações do ChatGPT. Altman também prometeu avisar com antecedência caso o GPT-4o seja retirado novamente, tentando evitar nova onda de insatisfação.
Ajustes de personalidade
O CEO afirmou que a equipe trabalha para tornar o GPT-5 “mais caloroso” do que a versão atual, mas “menos irritante” que o GPT-4o para a maioria do público. Segundo ele, a experiência recente mostrou a importância de avançar em direção a uma personalização mais profunda do comportamento de cada modelo, respeitando preferências individuais.
Imagem: Getty via techcrunch.com
Desafios técnicos e apego dos usuários
Alinhar perguntas a modelos distintos em questão de milissegundos, atendendo a critérios de velocidade, profundidade ou estilo de resposta, permanece um desafio técnico complexo. O vice-presidente de ChatGPT, Nick Turley, reconheceu no X que a empresa “nem sempre acerta na primeira tentativa”, mas destacou a rapidez na implementação de ajustes.
Ao mesmo tempo, a OpenAI observa um fenômeno relativamente novo: o apego emocional de parte do público às versões específicas de IA. Em São Francisco, por exemplo, centenas de pessoas chegaram a realizar um “funeral” para o modelo Claude 3.5 Sonnet, da Anthropic, quando ele saiu do ar. Outros relatos indicam que certos chatbots podem influenciar negativamente usuários em situação de fragilidade mental.
Esses episódios demonstram que as mudanças na oferta de modelos não envolvem apenas aspectos de desempenho, mas também a relação subjetiva que se desenvolve entre humanos e sistemas de IA. Por isso, a companhia reconhece que ainda precisa aprimorar o alinhamento das respostas às expectativas particulares de cada usuário.
Panorama e próximos passos
Com a reintrodução do seletor ampliado, o ChatGPT volta a oferecer uma lista considerável de opções, contrariando a meta inicial de simplificação. A empresa, porém, destaca que a combinação de modos Auto, Fast e Thinking com modelos legados pretende equilibrar conveniência e controle.
Embora o lançamento do GPT-5 tenha gerado expectativa de avanços comparáveis aos obtidos com o GPT-4, a fase inicial foi marcada por ajustes emergenciais. A OpenAI seguirá monitorando feedbacks, calibrando o roteador e trabalhando em sistemas de personalização que reduzam frustrações futuras. Até lá, a multiplicidade de caminhos disponíveis indica que a busca pela “IA única” ainda não chegou ao ponto ideal.
