ONU acusa Israel de genocídio em Gaza, aponta relatório

ONU acusa Israel de genocídio em Gaza, aponta relatório

ONU acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza em relatório divulgado nesta terça-feira (16). Elaborado por uma comissão internacional independente de investigação, o documento responsabiliza o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outras autoridades israelenses por “intenção deliberada de destruir o povo palestino”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou o texto como “tendencioso e mentiroso”. A comissão, embora criada pelo Conselho de Direitos Humanos, não fala oficialmente em nome das Nações Unidas, mas seus achados representam a posição mais contundente já publicada no âmbito da organização.

ONU acusa Israel de genocídio em Gaza, aponta relatório

Presidida pela ex-juíza da Corte Penal Internacional Navi Pillay, de 83 anos, a comissão concluiu que Tel Aviv cometeu quatro dos cinco atos previstos na Convenção da ONU de 1948 para caracterizar genocídio: assassinato, danos físicos e psicológicos graves, condições de vida que levam à destruição de um grupo e medidas para impedir nascimentos. Pillay afirmou que “um genocídio está ocorrendo em Gaza” e comparou a situação ao massacre de Ruanda em 1994.

Entre as evidências listadas estão a magnitude das mortes – cerca de 65 mil, segundo o Ministério da Saúde de Gaza –, bloqueios à ajuda humanitária, deslocamentos forçados e a demolição de infraestrutura civil, como uma clínica de fertilidade. Declarações públicas de Netanyahu, do presidente Isaac Herzog e do ex-ministro da Defesa Yoav Gallant foram citadas como “provas diretas de intenção genocida”.

Um dos exemplos destacados pela comissão é a carta de Netanyahu aos soldados, em novembro de 2023, descrevendo a ofensiva como “guerra santa de aniquilação total”. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que causou 1.200 mortes em Israel e 251 sequestros, Gaza enfrenta bombardeios contínuos e crise humanitária definida como “catastrófica” pela ONU: mais de 500 mil pessoas estariam em situação de fome extrema.

O relatório de 72 páginas foi produzido a partir de entrevistas com vítimas, imagens de satélite, registros médicos e documentos públicos. Em declaração de imprensa em Genebra, Pillay ressaltou que milhares de arquivos já foram compartilhados com o Tribunal Penal Internacional (TPI), que em 2024 solicitou mandados de prisão para Netanyahu e Gallant por crimes de guerra. A Corte Internacional de Justiça também determinou que Israel evite atos genocidas, decisão que permanece em vigor.

Israel nega veementemente as acusações, alegando direito à autodefesa e acusando a comissão de motivação política. Mesmo assim, organizações como B’Tselem e Médicos pelos Direitos Humanos de Israel já apontaram que os critérios para genocídio foram atingidos.

Para Pillay, “a comunidade internacional não pode permanecer em silêncio; ignorar sinais claros de genocídio equivale à cumplicidade”. A ex-magistrada pede ação imediata de Estados e organismos multilaterais para proteger civis palestinos.

Este relatório reforça a crescente pressão diplomática sobre Israel e pode influenciar debates futuros no Conselho de Segurança e na Assembleia-Geral da ONU.

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Foto: Fabrice Coffrini / AFP / RFI

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