Odata obtém financiamento verde de US$ 1,02 mil milhões para reforçar rede de data centers
A Odata garantiu um empréstimo verde de 1,02 mil milhões de dólares (aprox. 935 milhões de euros) com um consórcio internacional de instituições financeiras. O montante será aplicado na construção e ampliação de data centers no Brasil, México, Chile e Colômbia, apoiando o plano de investir 26 mil milhões de reais até ao final de 2026.
Financiamento verde impulsiona capacidade
O pacote financeiro foi concedido por nove entidades, entre as quais Apterra, BNP Paribas, Crédit Agricole CIB, Deutsche Bank, MUFG Bank, Natixis CIB, Nomura, Société Générale e SMBC. Os termos específicos não foram divulgados, mas o acordo impõe metas ambientais relacionadas com eficiência energética, uso de energia renovável e práticas de construção sustentável.
Segundo o director financeiro da Odata, Rafael Bomeny, o crédito “pode ser aplicado tanto em novos projectos como na expansão de unidades existentes”, permitindo responder ao rápido crescimento da procura por infra-estrutura de computação em nuvem e inteligência artificial na região. O executivo destaca que, nos primeiros contratos de cloud, se falava em potências de 8 a 10 MW; hoje, as negociações já arrancam em 36 a 48 MW, podendo atingir 200 MW.
Com esta operação, a empresa soma 2,25 mil milhões de dólares em financiamentos contratados. Os recursos complementam os investimentos da accionista Aligned Data Centers, proprietária da Odata desde 2022.
Plano de expansão até 2026
Criada em 2015 pelo Pátria Investimentos, a Odata possui actualmente 12 data centers em funcionamento. Considerando obras em curso, a capacidade instalada deverá atingir 210 MW no final de 2025. A meta para 2026 é alcançar cerca de 500 MW e, no longo prazo, disponibilizar até 2,5 GW aos clientes.
Em 2024, a companhia inaugurou dois centros no México e um em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Encontram-se em construção duas unidades na Colômbia, enquanto um novo projecto em São Paulo deverá arrancar em breve.
A estratégia de crescimento apoia-se também na aposta em energias renováveis. A Odata afirma ser pioneira em modelos de autoprodução para garantir fornecimento limpo aos seus data centers, ponto que facilita o cumprimento dos requisitos do financiamento verde.
Concorrência aquecida na América Latina
A procura por capacidade de data center tem acelerado em toda a América Latina. Em Julho, a Scala Data Center obteve 1,4 mil milhões de reais para expandir operações no Chile, enquanto a Elea Data Centers concluiu uma emissão de 790 milhões de reais em obrigações sustentáveis para nove projectos no Brasil.

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Dados da consultora imobiliária CBRE indicam que o mercado latino-americano deverá terminar o ano com 1,2 GW de stock total, mais 340 MW do que no início do período. Trata-se da segunda maior entrega anual registada pela série histórica da CBRE, ficando apenas atrás de 2021.
Brasil encara desafios regulatórios
Para Rafael Bomeny, o Brasil reúne condições para se tornar um pólo regional, graças ao baixo custo de energia e à elevada participação de fontes renováveis. Contudo, a indefinição em torno de uma Medida Provisória destinada a estimular o sector tem travado parte dos investimentos. A ausência de clareza regulatória, observa, beneficia o México, que também atrai clientes pela proximidade com os Estados Unidos.
Apesar do cenário, o executivo mantém a perspectiva de que a nova linha de crédito permitirá acelerar os projectos em território brasileiro e nos restantes países prioritários. “O financiamento dá-nos flexibilidade para avançar onde a procura é mais urgente”, sublinha.
Perspectiva para os próximos anos
Com contratos cada vez mais volumosos e a intensificação do uso de inteligência artificial, a Odata espera que a dimensão média dos projectos continue a crescer. O reforço de capital agora obtido deverá assegurar margens para cumprir o calendário de obras até 2026 e posicionar a empresa como um dos maiores operadores independentes de data centers na América Latina.
Os movimentos recentes de concorrentes confirmam a dinâmica do sector, mas a Odata vê vantagem competitiva no acesso antecipado a energia limpa e na capacidade de executar grandes empreendimentos em simultâneo. A partir de 2026, a empresa prevê dedicar parte das estruturas à oferta de serviços orientados a IA, segmento que exige elevados níveis de potência e refrigeração.
Enquanto isso, o consórcio bancário acompanhará periodicamente indicadores de sustentabilidade e desempenho energético, condição essencial para manter as linhas de crédito activas e, se necessário, desbloquear tranches adicionais.