Mineradoras chinesas na Zâmbia enfrentam processo de US$80 bi
Mineradoras chinesas na Zâmbia enfrentam processo de US$80 bi após o colapso de uma barragem de rejeitos que teria liberado milhões de litros de material altamente ácido em fevereiro, segundo ação movida por 176 agricultores do Cinturão de Cobre.
Os produtores, que representam cerca de 300 000 famílias, sustentam que a ruptura contaminou rios e poços, causou “mortes em massa” de peixes, tornou a água imprópria para consumo e devastou plantações. A petição foi protocolada na Alta Corte de Lusaka contra as empresas Sino Metals Leach Zambia e NFC Africa Mining, subsidiárias de estatais chinesas.
Mineradoras chinesas na Zâmbia enfrentam processo de US$80 bi
No processo, os agricultores atribuem a falha da barragem a erros de engenharia, falhas de construção e má gestão operacional. Eles exigem que as companhias depositem US$80 bilhões em uma conta administrada pelo governo zambiano para reparação ambiental e compensação integral, além de um fundo emergencial de US$20 milhões destinado a assistência imediata, exames de saúde e avaliações ambientais.
A Sino Metals Leach Zambia reconheceu, em comunicado de 3 de setembro, o vazamento de cerca de 50 000 metros cúbicos de rejeitos, mas afirmou que “o incidente foi controlado em poucas horas”. Até o momento, nenhuma das mineradoras comentou oficialmente a ação judicial.
Moradores relatam sintomas como sangue na urina e aperto no peito. Mesmo os poços escavados pelas aldeias teriam sido contaminados, levando comunidades inteiras a queimar colheitas por considerá-las inseguras para consumo.
Em agosto, a embaixada dos Estados Unidos emitiu alerta de saúde, citando “contaminação generalizada da água e do solo” e ordenou a retirada imediata de funcionários de Kitwe, principal cidade da região. O governo zambiano, por meio do porta-voz Cornelius Mweetwa, declarou não haver mais riscos graves à população e pediu calma, segundo noticiou a BBC.

Imagem: Internet
Além do impacto ambiental, o caso intensifica o debate sobre a presença de capitais estrangeiros no setor de mineração zambiano, responsável por grande parte das divisas do país. Especialistas apontam que o resultado da ação pode criar precedente para futuras demandas por responsabilidade socioambiental na África Austral.
Em síntese, os fazendeiros buscam reparação bilionária e medidas urgentes de saúde pública, enquanto as mineradoras defendem que controlaram rapidamente o vazamento. O desfecho judicial será decisivo para a recuperação da região e para a imagem de investidores internacionais na Zâmbia.
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Crédito da imagem: Chongo Sampa/News Diggers