Marcopolo dispara 7,6% após balanço apontar avanço de receita, margem e lucro no 2T25
As ações preferenciais da Marcopolo (POMO4) figuraram entre os principais destaques de alta do Ibovespa nesta sexta-feira, 1º, ao avançarem 7,63% no fechamento, cotadas a R$ 8,89. No ponto mais alto do pregão, o papel chegou a R$ 8,92, salto de 8% em relação ao dia anterior e o maior nível desde novembro de 2024. O movimento ocorreu um dia após a divulgação do balanço do segundo trimestre de 2025, publicada depois do encerramento do mercado na quinta-feira, 31.
Receita e margem acima das previsões
A fabricante de carrocerias registrou receita líquida de R$ 2,3 bilhões entre abril e junho, montante 18% superior ao do mesmo período de 2024 e 37% maior que o observado no trimestre imediatamente anterior. O resultado superou em 6% as estimativas de analistas consultados pela XP Investimentos, apoiado em um mix de produtos de maior valor agregado e no aumento das exportações, que cresceram 118% na comparação anual.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente alcançou R$ 405 milhões, com margem de 17,6%. O indicador avançou 2,6 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre, reflexo da alavancagem operacional típica do período e da maior participação de modelos pesados nas vendas.
Lucro líquido impulsionado por resultado financeiro
O lucro líquido somou R$ 321 milhões, resultado de 18% a 31% acima das diferentes projeções de mercado. O desempenho foi favorecido por resultado financeiro positivo e por menor carga tributária. Para o Itaú BBA, a margem Ebitda, de 17,3% quando considerada a metodologia própria do banco, também superou o consenso, enquanto os volumes totais cresceram 3,5% na comparação anual, impulsionados por exportações e pelo incremento da produção na Argentina.
Análises de bancos e corretoras
Na avaliação da XP Investimentos, o conjunto de números confirma trajetória de melhora operacional e pode ganhar tração adicional caso a taxa básica de juros (Selic) passe a recuar nos próximos meses, reduzindo o custo de financiamento de frotas.
O JPMorgan classificou o relatório como acima do esperado. O banco destacou receita 5% superior ao consenso, produção de 4 mil unidades (4% acima do segundo trimestre do ano passado) e margem bruta de 25,7%, a segunda maior já registrada pela companhia. Por outro lado, as vendas domésticas ficaram 7% abaixo das projeções do banco devido à concentração em linhas de menor valor e a menor entrega no programa Caminho da Escola, cujo volume deve permanecer estável em 2025.
O Bradesco BBI reforçou recomendação de compra para POMO4. Segundo a instituição, a receita gerada no mercado brasileiro cresceu 46% frente ao primeiro trimestre, revertendo a queda observada em base anual, com destaque para o segmento rodoviário. O BBI também apontou sinais iniciais de retomada no nicho urbano e expansão da carteira de pedidos, principalmente em ônibus elétricos.

Imagem: infomoney.com.br
O Itaú BBA considerou a companhia bem posicionada, mas ponderou que o mercado interno segue afetado pelos altos custos de crédito, o que limita a renovação de frotas. Para o banco, o múltiplo preço sobre lucro projetado de sete vezes para 2026 reflete potencial de valorização, desde que a fabricante mantenha disciplina de capital e avance no plano de modernização industrial.
Perspectivas para demanda e inovação
Em entrevista à agência Reuters, o presidente-executivo André Armaganijan afirmou que a demanda doméstica permanece contida pelo encarecimento do financiamento, fazendo com que clientes priorizem compras essenciais. A estratégia da Marcopolo, segundo ele, concentra-se em aprimorar processos fabris, ampliar o portfólio de veículos elétricos e aumentar a participação nas exportações, sobretudo para a Europa, região que eleva investimentos em transporte público e redução de emissões.
Para os analistas, a continuidade da recuperação dependerá do comportamento dos juros no país, do ritmo de adjudicações de programas governamentais, como o Caminho da Escola, e da capacidade da companhia de capturar margens com produtos de maior valor, especialmente ônibus rodoviários e urbanos elétricos. A margem bruta robusta no trimestre reforça a visão de que o foco em modelos pesados e no mercado externo segue contribuindo para a rentabilidade.
Nos próximos meses, investidores devem acompanhar a evolução do mix de vendas, a dinâmica cambial — que influencia custos e receitas — e potenciais avanços na redução da taxa Selic, fatores considerados determinantes para a manutenção do desempenho favorável observado no segundo trimestre.