Manifestantes intensificam pressão contra plano de Netanyahu de expandir ofensiva em Gaza

Milhares de pessoas saíram às ruas em diversas cidades israelenses para protestar contra a decisão do governo de ampliar a operação militar na Faixa de Gaza e assumir o controle de Gaza City. Os atos, realizados entre sexta-feira e sábado, reuniram familiares de reféns, reservistas que se recusam a servir e movimentos da sociedade civil preocupados com o destino dos sequestrados e dos civis palestinos.

Na noite de sexta-feira, o gabinete de segurança aprovou cinco princípios para encerrar o conflito. Entre eles está a determinação de que Israel assuma o “controle de segurança” sobre todo o território, medida que, segundo o Exército, exige preparar-se para ocupar Gaza City. A aprovação marcou a sinalização mais clara, até o momento, de uma escalada com possível presença militar permanente no enclave.

Os protestos foram impulsionados sobretudo por parentes de cerca de 50 reféns mantidos em Gaza, dos quais se acredita que 20 estejam vivos. Eles afirmam que ampliar a ofensiva ameaça a segurança dos sequestrados e pedem que o governo priorize um acordo para libertá-los. Uma organização que representa essas famílias divulgou nota alertando que “o avanço militar coloca em risco tanto os reféns quanto os soldados”.

Em Jerusalém, participantes pediram o fim imediato da guerra. Muitos carregavam fotos dos cativos e cartazes exigindo negociações. Manifestantes relataram temor de que o tempo esteja se esgotando para quem continua preso na Faixa de Gaza e defenderam a suspensão das operações terrestres caso isso favoreça um acordo de troca.

Entre os presentes estava o ex-combatente Max Kresch, que serviu nas primeiras fases da guerra e agora se nega a voltar ao front. Ele afirma integrar um grupo de mais de 350 militares que, depois de atuar no conflito, passou a recusar convocações, classificando a campanha atual como “guerra política” que coloca reféns em perigo e agrava a crise humanitária palestina.

Em Tel Aviv, familiares de soldados e sequestrados reuniram-se perto do quartel-general das Forças de Defesa de Israel (IDF) e conclamaram outros militares a recusar ordens relacionadas à expansão da ofensiva. A mãe de um refém defendeu a convocação de uma greve geral no país, proposta que não recebeu apoio da principal central sindical, de acordo com o jornal The Times of Israel.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeitou as críticas. Em declarações à rede Fox News, comentou que Israel pretende “ocupar toda Gaza e, em seguida, entregá-la a forças árabes”. Já em publicação posterior nas redes sociais, afirmou que o objetivo não é ocupar, mas “libertar Gaza do Hamas”, argumentando que isso ajudaria na libertação dos sequestrados e impediria futuras ameaças ao território israelense.

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Imagem: bbc.com

Os cinco princípios aprovados pelo gabinete incluem: desarmamento do Hamas, retorno de todos os reféns, desmilitarização da Faixa de Gaza, controle de segurança israelense e estabelecimento de uma administração civil alternativa que não seja nem o Hamas nem a Autoridade Palestina. A chefia militar foi encarregada de desenvolver planos detalhados para implementar cada ponto.

Segundo veículos locais, o chefe do Estado-Maior, general Eyal Zamir, advertiu Netanyahu de que uma ocupação total equivaleria a “cair em uma armadilha” e ampliaria o risco para os reféns vivos. Pesquisas recentes indicam que a maioria da população israelense prefere um acordo com o Hamas que leve à libertação dos sequestrados e ao fim das hostilidades.

A comunidade internacional reagiu com preocupação. A Organização das Nações Unidas alertou que uma tomada militar completa de Gaza City, onde estima-se que ainda vivam cerca de um milhão de palestinos, pode ter “consequências catastróficas” para civis e reféns. Reino Unido, França, Canadá e outros governos condenaram a decisão, enquanto a Alemanha suspendeu exportações de material bélico para Israel. O Conselho de Segurança da ONU agendou reunião para domingo com o tema na pauta.

O conflito foi desencadeado em 7 de outubro de 2023, quando ataques liderados pelo Hamas mataram aproximadamente 1.200 pessoas e resultaram no sequestro de 251 indivíduos em território israelense. Desde então, mais de 61.300 pessoas morreram em Gaza em consequência de operações israelenses, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas. A possibilidade de um avanço total sobre Gaza City amplia a pressão interna e externa sobre o governo israelense, enquanto manifestantes prometem manter a mobilização até que a libertação dos reféns se torne prioridade e um cessar-fogo seja negociado.

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