Líderes europeus veem chance de cessar-fogo após conversa com Trump às vésperas de encontro com Putin

Líderes europeus veem chance de cessar-fogo após conversa com Trump às vésperas de encontro com Putin

Líderes do Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Finlândia, Polônia, União Europeia e Otan expressaram otimismo cauteloso depois de uma videoconferência com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, realizada na quarta-feira (9). O diálogo ocorreu dois dias antes da reunião presencial entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin, marcada para sexta-feira em uma base militar no Alasca, cujo principal objetivo declarado é negociar um cessar-fogo na guerra da Ucrânia.

De acordo com relatos dos participantes, Trump afirmou que buscará um acordo para interromper as hostilidades e sinalizou que qualquer decisão sobre território deverá contar com a participação direta do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. O ex-presidente também reconheceu a necessidade de incluir garantias de segurança no eventual pacto, segundo descrição feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

Participaram da chamada, ao lado de Trump, o vice-presidente norte-americano JD Vance e os líderes do Reino Unido (Sir Keir Starmer), França (Emmanuel Macron), Alemanha (Friedrich Merz), Itália (Giorgia Meloni), Finlândia (Petteri Orpo) e Polônia (Donald Tusk), além da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do secretário-geral da Otan, Mark Rutte. O encontro virtual foi visto pelos europeus como a última oportunidade para reforçar, junto à Casa Branca, a necessidade de proteger interesses ucranianos e a segurança do continente antes da cúpula de Anchorage.

Após a conversa, Trump classificou o diálogo como “nota 10” e declarou que Moscou enfrenta “consequências muito graves” caso não interrompa a ofensiva. Ele também mencionou a possibilidade de organizar um segundo encontro em curto prazo, desta vez envolvendo Putin e Zelensky na mesma mesa, caso as discussões de sexta-feira avancem.

Apesar do tom positivo, os europeus reiteraram publicamente que Kiev deve participar de todas as decisões. Merz afirmou que os dirigentes “deixaram claro que a Ucrânia precisa estar à mesa assim que houver reuniões de acompanhamento”, enquanto Tusk enfatizou a necessidade de convencer Trump de que “não se pode confiar na Rússia”. A preocupação decorre de declarações recentes do ex-presidente norte-americano sobre uma eventual “troca de terras” entre Kiev e Moscou, interpretação que gerou receio de concessões territoriais aos russos.

Na manhã desta quarta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexey Fadeev, reiterou que a posição do Kremlin permanece a mesma apresentada por Putin em junho de 2024: cessar-fogo imediato condicionado à retirada ucraniana das regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, além do abandono da intenção de integrar a Otan. Kiev e seus parceiros consideram essas exigências maximalistas e inaceitáveis. Zelensky sustenta que qualquer território mantido pela Rússia serviria de plataforma para futuras incursões militares.

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Imagem: bbc.com

Um dos pontos discutidos com Trump foram as garantias de segurança para a Ucrânia. Starmer afirmou ter havido “progresso real” nesse tema. Desde a primavera europeia, Reino Unido e França lideram a formação de uma “Coalizão dos Dispostos”, grupo de países que pretende dissuadir novas investidas russas e, após o fim das hostilidades, enviar uma “força de reafirmação” ao território ucraniano. A configuração e o mandato desse eventual contingente ainda estão em debate.

Zelensky, que receberá Starmer em Londres na manhã de quinta-feira, relatou às lideranças europeias o avanço da ofensiva russa de verão, destacando o movimento das tropas de Moscou nas proximidades de Dobropillya, na região de Donetsk. O presidente ucraniano disse acreditar que Putin “está blefando” ao minimizar o impacto das sanções e pediu aumento da pressão internacional sobre o Kremlin.

Trump, por sua vez, admitiu que, mesmo dialogando diretamente com Putin, pode não conseguir conter ataques contra civis. “Volto para casa e vejo que um foguete atingiu um asilo ou um edifício residencial”, afirmou, reconhecendo que a probabilidade de parar a violência imediatamente é incerta.

Com a cúpula de Anchorage se aproximando, a expectativa europeia se divide entre a esperança de um cessar-fogo abrangente e o receio de que a pressão russa por concessões territoriais ganhe espaço. Caso o encontro de sexta-feira resulte em avanços, Trump prometeu convocar rapidamente uma segunda rodada de negociações com a presença de Zelensky, passo considerado essencial pelos líderes europeus para legitimar qualquer entendimento futuro.

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