Justiça revela suspeita de que Erin Patterson tentou envenenar o ex-marido antes de matar três parentes

Justiça revela suspeita de que Erin Patterson tentou envenenar o ex-marido antes de matar três parentes

Sydney, Austrália. Um tribunal do estado de Victoria autorizou a divulgação de acusações que apontam que Erin Patterson, 50 anos, teria tentado repetidamente envenenar o ex-marido antes de servir o prato com cogumelos venenosos que matou três familiares em julho de 2023. As informações estavam sob sigilo durante o julgamento, concluído no mês passado com a condenação da australiana por três homicídios e uma tentativa de homicídio.

Acusações contra o ex-marido

Patterson chegou a ser denunciada por três tentativas de homicídio contra o ex-companheiro, Simon Patterson, mas esses pontos foram retirados pela promotoria na véspera do início do júri, sem justificativa pública. Com a sentença já proferida pelo júri, o juiz Christopher Beale suspendeu a ordem de sigilo, permitindo que os detalhes fossem incluídos nos autos.

Nos depoimentos preliminares colhidos em 2023, Simon Patterson afirmou ter sofrido, entre 2021 e 2023, uma série de episódios graves de intoxicação após consumir alimentos preparados pela então esposa. Ele relatou que chegou a permanecer em coma por semanas e que, em duas ocasiões, a família foi convocada a se despedir diante do risco iminente de morte.

Episódios anteriores de intoxicação

O primeiro incidente descrito ocorreu em novembro de 2021, quando o ex-marido ingeriu uma porção de penne à bolonhesa armazenada em pote de plástico entregue por Erin. Após vômitos e diarreia, ele passou a noite internado.

Em maio de 2022, durante uma viagem de acampamento na região montanhosa de High Country, Victoria, ele voltou a adoecer depois de comer um curry de frango preparado pela ré. Dias depois, já em Melbourne, precisou de cirurgia para remoção de parte do intestino como tentativa de salvar-lhe a vida.

Um terceiro quadro clínico foi registrado em setembro de 2022, após o consumo de um wrap de vegetais em área costeira isolada do mesmo estado. Na ocasião, Simon perdeu gradualmente o controle muscular, apresentou convulsões e chegou ao hospital podendo movimentar apenas pescoço, língua e lábios.

Cookies suspeitos e troca de procuração

Em fevereiro de 2023, preocupado, Simon Patterson procurou o médico e amigo da família Christopher Ford. Ele relatou suspeitar de um lote de biscoitos teoricamente assado pela filha do casal mas entregue por Erin, que teria telefonado várias vezes para saber se o pai havia provado o doce. A possibilidade de presença de anticongelante ou de veneno para ratos foi levantada pelos investigadores, embora a substância exata nunca tenha sido identificada.

Após esse episódio, o ex-marido alterou sua procuração médica, retirando o nome de Erin, e confidenciou a alguns parentes próximos as suspeitas de envenenamento. A irmã, Anna Terrington, afirmou ter alertado os pais na véspera do almoço organizado por Erin em 29 de julho de 2023, mas eles decidiram comparecer.

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Imagem: bbc.com

Almoço fatal de 2023

No encontro realizado na casa de Erin em Leongatha, foram servidos pedaços de beef Wellington que, segundo perícia, continham amanita phalloides, espécie de cogumelo altamente tóxica. Morreram no hospital nos dias seguintes Don Patterson, 70, e Gail Patterson, 70 – pais de Simon –, além de Heather Wilkinson, 66, irmã de Gail. O pastor Ian Wilkinson, 68, marido de Heather, sobreviveu após semanas de tratamento intensivo.

Simon Patterson escapou porque desistiu de participar do almoço um dia antes. Na fase inicial do julgamento, ele declarou ter “muito a lamentar”, ressaltando que não compreendia por que não poderia tratar em plenário dos supostos envenenamentos anteriores.

Evidências consideradas e descartadas

Durante a instrução, a promotoria mencionou a recuperação de um arquivo no computador da ré com informações sobre toxinas, além da suspeita de compras de veneno para ratos. Também foi relatado que Erin visitou um aterro sanitário no dia do almoço e retornou ao local dias mais tarde para descartar um desidratador usado no preparo dos cogumelos. O júri, no entanto, não tomou conhecimento da primeira visita por decisão judicial.

Outro elemento excluído foi uma publicação de 2020 em fórum de ajuda sobre venenos no Facebook, na qual Erin relatava que um gato – animal que nunca possuíra – teria ingerido cogumelos e vomitado, acompanhada de fotos de fungos. A acusação defendeu que a postagem indicava interesse antigo nas propriedades tóxicas dos cogumelos.

Próximos passos processuais

Com a condenação por triplo homicídio e uma tentativa de homicídio, Erin Patterson aguarda audiência de determinação de pena em 25 de agosto, quando familiares das vítimas poderão apresentar declarações de impacto. A defesa manteve a alegação de que o almoço foi um “trágico acidente”. Até o momento, não há indicação de que as tentativas de homicídio contra o ex-marido voltem a ser formalmente denunciadas.

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