Julgamento de Jimmy Lai é adiado novamente após preocupação médica em Hong Kong
Hong Kong – O empresário e magnata da mídia Jimmy Lai, de 77 anos, teve o reinício do julgamento por suposta conspiração com forças estrangeiras novamente adiado. As alegações finais, previstas para quinta-feira (11), foram remarcadas para segunda-feira (15) depois que o tribunal autorizou a instalação de um aparelho para monitoramento cardíaco do réu.
Lai é a figura mais proeminente processada com base na Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim em 2020, que criminaliza atos considerados secessão, subversão ou conluio com potências externas. Detido desde dezembro daquele ano, ele pode receber pena de prisão perpétua se condenado.
Saúde fragilizada e pressão internacional
Advogados e familiares vêm relatando deterioração física do empresário. Na audiência de sexta-feira (12), Lai apareceu visivelmente mais magro, o que levou o juiz a solicitar o adiamento para instalação de um dispositivo de monitoramento cardíaco.
O caso desperta atenção global. O primeiro-ministro britânico, Sir Keir Starmer, pediu a libertação de Lai, que possui cidadania britânica. Anteriormente, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump declarou que faria “tudo o que puder” para ajudá-lo.
De refugiado a magnata da imprensa
Nascido em Guangzhou, sul da China, Lai chegou clandestinamente a Hong Kong aos 12 anos, em 1960. Após trabalhar em confecções, fundou a rede de roupas Giordano, vendida depois de pressões de Pequim por suas críticas ao massacre da Praça Tiananmen, em 1989.
Em seguida, criou o conglomerado de mídia Next Digital, responsável pelo jornal Apple Daily, conhecido por seu posicionamento pró-democracia. Atos de hostilidade incluíram atentados incendiários contra sua casa e sede da empresa, além de um plano de assassinato frustrado.
Lei de Segurança Nacional e críticas
Para autoridades chinesas, a legislação é essencial para restaurar a ordem após protestos em massa de 2019. Organizações de direitos humanos, porém, afirmam que a norma foi usada para silenciar dissidências, apontando o processo contra Lai como exemplo de “sistema judicial instrumentalizado”.

Imagem: bbc.com
O filho do réu, Sebastien Lai, vem fazendo campanha internacional por sua libertação. Em fevereiro, advertiu que “mesmo cinco anos de prisão seriam praticamente uma sentença de morte” devido à idade e às condições de saúde do pai.
Com o novo adiamento, a defesa espera apresentar alegações finais na segunda-feira. Caso seja declarado culpado, Jimmy Lai poderá enfrentar prisão perpétua, encerrando a trajetória de um dos mais conhecidos defensores da democracia em Hong Kong.
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O julgamento de Jimmy Lai reforça o debate sobre liberdade de imprensa e autonomia judicial em Hong Kong, assuntos que continuam no radar de governos ocidentais e organizações internacionais de direitos humanos. Continue acompanhando nossas atualizações e compartilhe esta notícia.
Com informações de BBC News