Ibovespa volta a superar 138 mil pontos com apoio de balanços e alívio na inflação; dólar renova mínimas

Ibovespa volta a superar 138 mil pontos com apoio de balanços e alívio na inflação; dólar renova mínimas

O Ibovespa avançava cerca de 2% na tarde desta terça-feira (12), atingindo 138,3 mil pontos e retomando o patamar perdido no fim de julho. O movimento foi sustentado por resultados corporativos considerados robustos, especialmente de Sabesp e BTG Pactual, além de dados de inflação abaixo do esperado no Brasil e em linha com as projeções nos Estados Unidos. No câmbio, o dólar comercial recuava quase 1%, para R$ 5,39, mínima intradiária que não era observada desde setembro de 2024. A curva de juros futuros também cedia, refletindo a leitura de menor pressão inflacionária.

Entre os balanços, a Sabesp registrava alta superior a 10% e renovava máxima histórica após divulgar lucro de R$ 1,96 bilhão no segundo trimestre, 64% acima do obtido um ano antes e bem à frente das estimativas de mercado. A estatal de saneamento, controlada pelo grupo Equatorial desde a privatização, reduziu custos em cerca de meio bilhão de reais, ajudada por menor despesa com pessoal e depreciação. Já as units do BTG Pactual subiam no mesmo ritmo depois de o banco mostrar retorno sobre patrimônio anualizado de 27,1% e sinalizar meta de 24% ou mais para 2025.

Companhias de grande peso no índice também contribuíam para a recuperação. Vale avançava perto de 1,5%, impulsionada pela alta de mais de 2% do minério de ferro na bolsa de Dalian. As ações preferenciais da Petrobras ganhavam mais de 1%, acompanhando a valorização do petróleo Brent, enquanto os principais bancos – Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander – exibiam ganhos entre 1% e 2%.

No ambiente macroeconômico, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% em julho, abaixo da mediana de 0,37% projetada por analistas. A leitura em 12 meses recuou para 5,23%, mas permanece acima do teto da meta do Banco Central (4,5%). Economistas destacaram que a desinflação continua concentrada em alimentos e bens industriais, enquanto os serviços seguem pressionados, o que reforça a expectativa de manutenção da Selic no curto prazo.

Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) avançou 0,2% no mês e 2,7% em 12 meses, resultados que permitiram a manutenção das apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve ainda em 2025. Segundo dados da ferramenta FedWatch, a probabilidade de redução acumulada de 0,75 ponto percentual até dezembro subiu para 55%. A visão de política monetária mais branda favoreceu os mercados globais, derrubou os rendimentos dos Treasuries de curto prazo e ampliou o fluxo para ativos de risco em emergentes, contribuindo para a queda do dólar frente ao real.

A percepção de inflação mais contida também se refletiu no Tesouro Direto: as taxas dos títulos prefixados recuavam aos menores níveis deste ano. O papel com vencimento em 2029 remunerava pouco acima de 9,80% ao ano, quase 15 pontos-base abaixo do fechamento anterior.

A agenda de notícias corporativas contou ainda com a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de adiar, por pedido de vista, a votação das regras para sistemas de armazenamento de energia. O tema é acompanhado por empresas interessadas em participar do primeiro leilão federal voltado a baterias e usinas reversíveis, mas o impasse regulatório sobre o tratamento tarifário continua sem data para solução.

Do lado político, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar desde a semana passada, solicitou ao Supremo Tribunal Federal autorização para realizar exames médicos em hospital de Brasília. O pedido não interferiu nos negócios, mas segue no radar de investidores por seu potencial de impacto nas tensões institucionais.

Perto das 13h30, o Ibovespa oscilava próximo da máxima do dia, com apenas quatro papéis compondo o campo negativo – destaque para Natura, que recuava quase 7% após números operacionais abaixo das expectativas. O volume financeiro superava R$ 13 bilhões, indicando forte participação de investidores estrangeiros, atraídos pelo diferencial de juros doméstico e pela perspectiva de afrouxamento monetário nos Estados Unidos.

Se mantiver o ritmo, o principal índice da B3 pode encerrar a sessão com o segundo ganho diário seguido e reduzir as perdas acumuladas em agosto. Analistas avaliam, contudo, que a sustentação acima de 138 mil pontos dependerá tanto da confirmação de cortes na taxa básica norte-americana quanto da evolução do cenário fiscal e do impacto do pacote de resposta às tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros.

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