Ibovespa recua 0,21% em dia de cautela antes dos índices de inflação no Brasil e nos EUA
O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (11) em baixa de 0,21%, aos 135.623,15 pontos, movimento guiado pela expectativa dos investidores em torno dos indicadores de inflação que serão divulgados nesta terça-feira no Brasil (IPCA) e nos Estados Unidos (CPI). O giro financeiro somou R$ 17,80 bilhões, inferior à média recente, refletindo a postura defensiva predominante nos mercados globais.
O principal índice da B3 oscilou entre a máxima de 136.307,33 pontos e a mínima de 135.495,75 pontos. Apesar da queda, o desempenho semanal ainda é positivo em 1,92% no acumulado de agosto e em 12,75% no ano.
Cenário externo mantém mercados em compasso de espera
No exterior, os principais índices de Nova York também terminaram no vermelho: Dow Jones (-0,45%), S&P 500 (-0,25%) e Nasdaq (-0,30%). A aversão ao risco foi alimentada pela proximidade do CPI norte-americano, que pode influenciar a trajetória de juros do Federal Reserve, especialmente após o payroll de julho ter mostrado desaceleração no mercado de trabalho.
A cautela ganhou força mesmo após o presidente dos EUA, Donald Trump, prorrogar por 90 dias a suspensão de novas tarifas contra a China. Além disso, Nvidia e AMD concordaram em repassar 15% da receita obtida com determinadas vendas de chips ao governo norte-americano, medida avaliada como incomum por analistas e vista como potencial geradora de tensões adicionais no setor tecnológico.
Na Europa, as bolsas recuaram em volume moderado, de olho no encontro previsto para esta semana entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca, que tentará discutir um eventual cessar-fogo na Ucrânia.
Expectativa pelo IPCA e falas do Banco Central
No front doméstico, o foco está no IPCA de julho. Projeções como a do diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia, apontam alta de 0,34%, com desaceleração de serviços subjacentes e impacto deflacionário de alimentos. O Boletim Focus reduziu, pela 11ª semana consecutiva, as estimativas para a inflação de 2025.
Mais cedo, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu a manutenção da Selic em patamar elevado, citando a necessidade de vigilância entre o fim de 2025 e 2026. Segundo ele, o volume de impulso fiscal surpreende e exige atenção aos canais de transmissão da política monetária.
Dólar e juros futuros
No mercado de câmbio, o dólar comercial avançou 0,14%, encerrando cotado a R$ 5,443 na venda, acompanhando o fortalecimento global da moeda norte-americana – o índice DXY subiu 0,40%, a 98,58 pontos.
Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) recuaram em toda a curva. O vértice para janeiro de 2026 caiu 0,03 ponto, a 14,91% ao ano, enquanto os contratos de longo prazo – entre 2028 e 2035 – registraram quedas entre 0,60 e 0,75 ponto percentual, refletindo a leitura de que a inflação doméstica pode seguir arrefecendo.

Imagem: infomoney.com.br
Petrobras puxa lado positivo; Vale vira para leve perda
Entre as blue chips, Petrobras PN (PETR4) subiu 0,62% e ajudou a limitar o recuo do Ibovespa, em movimento de ajuste após a forte correção da sexta-feira. As ações ON recuaram 0,43%. Vale (VALE3) virou para queda de 0,11% no fechamento, mesmo com o minério de ferro em alta e nova recomendação de compra por parte de analistas.
Nos bancos, o pregão foi misto: Banco do Brasil (BBAS3) avançou 0,90% na expectativa do balanço do segundo trimestre, previsto para quinta-feira; Itaú Unibanco (ITUB4) ganhou 0,62%; enquanto Bradesco PN (BBDC4) e Santander units (SANB11) recuaram 0,38% e 0,48%, respectivamente.
Destaques corporativos
M. Dias Branco (MDIA3) disparou 16,24% após apresentar resultados considerados positivos na noite de sexta-feira. Natura (NATU3) avançou 5,86% antes da divulgação de números nesta noite, ao passo que Sabesp (SBSP3) cedeu 0,56% no mesmo compasso.
Entre as quedas, Vamos (VAMO3) caiu 4,35%, CSN (CSNA3) perdeu 2,02% sob recomendação de venda, e Braskem (BRKM5) recuou 7,08% e liderou as perdas do dia. Já a small cap Lojas Marisa (AMAR3) subiu 9,68% antes de divulgar balanço.
O Índice de Small Caps (SMLL) fechou em queda de 0,68%, aos 2.106,19 pontos; o Índice de BDRs (BDRX) subiu 0,02%, a 23.129,45 pontos; e o IFIX, que reúne os fundos imobiliários, cedeu 0,06%, a 3.417,87 pontos.
Próximos eventos
Além do IPCA brasileiro e do CPI norte-americano, a agenda da semana inclui balanços de empresas relevantes, entre elas Banco do Brasil, BRF, Equatorial, Azul e Cyrela. A combinação dos dados de inflação com os resultados corporativos deve ditar o ritmo do mercado nos próximos pregões.