Foguete chinês Long March 8A explica suposto ‘OVNI’ visto no céu da Austrália

Foguete chinês Long March 8A explica suposto ‘OVNI’ visto no céu da Austrália

Imagens de um objeto luminoso atravessando o céu movimentaram redes sociais na Austrália na noite de 30 de julho. Moradores de diversas cidades em Queensland e no norte de Nova Gales do Sul publicaram vídeos e fotografias que, à primeira vista, sugeriam a presença de um objeto voador não identificado. O fenômeno, entretanto, foi esclarecido por especialistas poucas horas depois: tratava-se de um foguete Long March 8A, lançado pela China, que cruzava a atmosfera sobre o país.

A identificação foi feita pelo professor Jonti Horner, que comparou os registros divulgados nas plataformas digitais com dados de lançamentos espaciais disponíveis publicamente. Segundo Horner, os horários e a trajetória coincidiram exatamente com um lançamento realizado a partir da ilha de Hainan, no sul da China, no mesmo dia. Dessa forma, concluiu-se que o ponto luminoso que chamou a atenção dos australianos era um estágio do Long March 8A em passagem sobre o território.

O Long March 8A faz parte da família de foguetes chineses empregada na colocação de satélites em órbita. De acordo com informações técnicas divulgadas por órgãos chineses, esses veículos são utilizados, entre outras finalidades, para impulsionar satélites que integram a rede estatal de internet do país. A ligação desse tipo de missão com o objeto observado na Austrália reforça a avaliação de que se tratava de um artefato espacial em operação regular, e não de qualquer ocorrência desconhecida.

O movimento do foguete foi visível ao longo de uma extensa faixa do leste australiano. Em localidades costeiras e regiões mais ao interior, moradores relataram ter visto uma luz intensa seguida por um rastro que se deslocava em linha reta, sugerindo velocidade constante. As publicações rapidamente ganharam popularidade, alimentando especulações sobre a possibilidade de um “OVNI” ou até mesmo de um fenômeno meteorológico raro. A confirmação posterior quanto à origem chinesa do objeto encerrou as conjecturas.

As imagens compartilhadas mostravam um objeto brilhante que atravessava o céu noturno sem ruído perceptível. Em alguns registros, era possível distinguir um ponto luminoso principal, acompanhado de um feixe mais tênue, aspecto típico de estágios de foguetes em trajetória suborbital. Embora o conteúdo tenha causado surpresa entre os observadores, a comunidade astronômica destacou que eventos semelhantes podem ocorrer sempre que lançamentos espaciais coincidem com condições de visibilidade favoráveis em outras partes do globo.

O professor Horner utilizou mapas de trajetória publicados após o lançamento para corroborar sua avaliação. Ele observou que o Long March 8A passou sobre o nordeste da Austrália pouco tempo depois de deixar a plataforma em Hainan, deslocando-se em direção ao sul antes de atingir a próxima fase de sua missão. Essa rota explicaria por que as luzes foram percebidas em Queensland primeiro e, em seguida, em pontos do norte de Nova Gales do Sul, conforme indicado nos relatos coletados.

Foguete chinês Long March 8A explica suposto ‘OVNI’ visto no céu da Austrália - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Apesar do interesse gerado pela hipótese de um encontro com tecnologia extraterrestre, a explicação envolvendo um foguete foi aceita pela maioria dos internautas, uma vez que os horários e as coordenadas batiam com as informações oficiais. Especialistas lembram que a ampla cobertura de lançamentos espaciais, aliada à disponibilidade de rastreamento em tempo real, permite confirmar ou descartar rapidamente esse tipo de ocorrência.

A passagem do Long March 8A ilustra como o avanço do setor aeroespacial chinês tem ampliado a frequência de voos orbitais visíveis a outros países. À medida que novas constelações de satélites são colocadas em operação, objetos semelhantes podem voltar a ser vistos de forma ocasional. Casos como o registrado na Austrália evidenciam ainda a rapidez com que as redes sociais podem transformar observações locais em fenômenos de debate nacional, antes mesmo de especialistas oferecerem uma explicação técnica.

Com a identificação do foguete, o episódio encerrou-se sem registros de incidentes ou impactos no solo australiano. As autoridades locais não divulgaram alertas adicionais, e não houve necessidade de intervenção de serviços de emergência. O ocorrido, no entanto, tornou-se um exemplo de como a convergência entre observações populares e análise científica pode desfazer mistérios rapidamente, preservando a objetividade na interpretação de eventos atmosféricos e espaciais.

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