FICCO sofre corte de verbas e risco de paralisação
FICCO, principal programa federal de combate ao crime organizado, opera este ano com apenas metade do orçamento previsto e já enfrenta atrasos de até dois meses no pagamento de diárias, combustível e manutenção de viaturas.
Delegados ouvidos apontam que o contingenciamento de R$ 750 milhões no Ministério da Justiça reduziu de R$ 60 milhões para R$ 30 milhões o repasse efetivo à Força Integrada de Combate ao Crime Organizado, criada para articular Polícia Federal e corporações estaduais em ações contra facções criminosas.
FICCO sofre corte de verbas e risco de paralisação
De janeiro a agosto, a FICCO participou de 222 operações que resultaram em mais de mil prisões e na descapitalização de R$ 338 milhões de organizações criminosas. Apesar do desempenho, investigadores relatam incerteza sobre a manutenção das próximas ações por falta de recursos mínimos. O custo mensal estimado para manter a força ativa era de R$ 5 milhões, mas apenas R$ 3,5 milhões estão sendo liberados.
Mensagens internas, obtidas pela reportagem, descrevem dificuldades para custear deslocamentos e hospedagens de equipes em campo. “O trabalho pode parar a qualquer momento”, afirma um agente. Para a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, o cenário compromete a continuidade de uma estratégia considerada modelo de integração entre esferas federal e estadual.
Impacto no combate a facções
A FICCO foi projetada como instrumento-chave contra grupos como o PCC, alvo recente da Operação Carbono, que desarticulou esquemas em postos de combustíveis e fintechs. Segundo fontes, o valor solicitado inicialmente chegava a R$ 80 milhões, quantia que garantiria operações simultâneas em diversos estados.
Responsáveis pelo programa sustentam que, mesmo com custos relativamente baixos, a instabilidade orçamentária mina a logística das missões e a capacidade de reunir informações estratégicas. A Polícia Federal foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta edição. Em nota pública anterior, o Ministério da Justiça ressaltou “prioridade no enfrentamento ao crime organizado”, mas não detalhou cronograma de liberação de verbas.
Relatórios recentes da Polícia Federal reforçam que o modelo de força-tarefa reduz duplicidade de esforços e acelera a descapitalização de facções, medida considerada essencial para enfraquecer a liderança criminosa.

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Com o orçamento bloqueado, delegados alertam para o risco de paralisia. Caso o repasse integral não ocorra, operações de campo devem ser reavaliadas, comprometendo resultados já obtidos em 2024.
O futuro da FICCO dependerá da recomposição financeira ainda neste semestre, condição considerada “vital” pelos investigadores para evitar a perda de território para organizações criminosas.
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