Evergrande deixa Bolsa de Hong Kong após colapso
Evergrande deixa Bolsa de Hong Kong após colapso
Evergrande deixa Bolsa de Hong Kong após colapso e encerra uma trajetória de 16 anos de negociações públicas, evidenciando o fim da maior crise corporativa já vista no setor imobiliário chinês.
Evergrande deixa Bolsa de Hong Kong após colapso
A ação da Evergrande foi oficialmente excluída do índice de Hong Kong nesta segunda-feira (26), selando a queda da antiga maior incorporadora da China. Em seu auge, a companhia valia mais de US$ 50 bilhões; hoje, depois de perder mais de 99% de seu valor de mercado, resta apenas o processo de liquidação judicial iniciado em janeiro de 2024.
Fundada pelo bilionário Hui Ka Yan, que liderou a lista da Forbes na Ásia em 2017, a empresa foi construída sobre um passivo de US$ 300 bilhões. O magnata viu sua fortuna despencar de US$ 45 bilhões para menos de US$ 1 bilhão, além de receber, em março deste ano, multa de US$ 6,5 milhões e banimento vitalício do mercado por inflar receitas em US$ 78 bilhões.
No momento do colapso, a Evergrande mantinha cerca de 1.300 projetos em 280 cidades, além de participações em uma montadora de veículos elétricos e no Guangzhou FC, clube expulso da liga chinesa em 2024 por dívidas não pagas. As expectativas de recuperação são baixas: administradores nomeados pelo tribunal informaram que o passivo agora está em US$ 45 bilhões, enquanto a liquidação de ativos soma apenas US$ 255 milhões.
Para analistas ouvidos pela BBC, o cancelamento da listagem era “inevitável e sem retorno”. Dan Wang, diretora para a China na Eurasia Group, define o episódio como “simbólico de uma mudança de era” para a economia do país.
Impacto no mercado e próximos passos
A derrocada da Evergrande agrava o desaquecimento do setor imobiliário, que já responde por um terço do PIB chinês. Com preços residenciais em queda de ao menos 30%, famílias sacrificam poupanças e consumo, enquanto governos locais perdem receitas de terrenos. Especialistas preveem que a correção só alcance o piso em cerca de dois anos.

Imagem: Internet
Embora Pequim tenha lançado estímulos para compradores de primeira moradia e para o consumo, até o momento evita um resgate direto às construtoras — postura que, segundo Wang, “envia sinal claro contra novos excessos de endividamento”. O próximo capítulo do caso Evergrande será escrito em setembro, data marcada para a audiência que definirá a prioridade de pagamento aos credores.
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Crédito da imagem: AFP via Getty Images