Escândalo de corrupção de Milei agrava crise cambial
Escândalo de corrupção de Milei agrava crise cambial
Escândalo de corrupção de Milei agrava crise cambial e coloca o governo argentino sob sua maior pressão desde a posse, em janeiro de 2023. A denúncia de propinas que envolveriam Karina Milei, irmã e principal assessora do presidente Javier Milei, coincide com uma onda de calotes corporativos após o afrouxamento de controles cambiais.
Escândalo de corrupção de Milei agrava crise cambial
Áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional de Deficiência (Andis) e advogado pessoal do presidente, indicam pagamentos mensais de até US$ 800 mil pela farmacêutica Suizo Argentina. Segundo as gravações, os valores teriam como destino Karina Milei e o assessor Eduardo Lume Menem, integrante de um clã político tradicional que Milei usava como exemplo de «casta» a ser combatida.
Após a divulgação dos áudios, Spagnuolo foi exonerado e a Justiça ordenou dezenas de buscas, bloqueou contas bancárias e proibiu a saída do país de ex-funcionários e empresários. A ex-presidente Cristina Kirchner comparou o caso ao processo que a condenou por omissão em contratos públicos, cobrando responsabilização direta de Milei.
Mercados reagem e popularidade cai
O escândalo agravou a instabilidade iniciada no começo do mês, quando o governo reduziu a distância entre o dólar oficial e o paralelo. A medida expôs empresas que se endividaram em moeda estrangeira contando com um peso desvalorizado. Desde então, ao menos oito companhias entraram em default, elevando o risco país e empurrando os títulos soberanos a mínimas de vários meses.
Levantamento da consultoria Poliarquía mostra que a corrupção saltou de oitava para terceira principal preocupação nacional, citada por 12% dos argentinos. No mesmo período, a confiança no governo recuou quase 14%. Analistas avaliam que o pilar moral que sustenta o programa de ajuste fiscal — responsável por reduzir a inflação mensal de 26% para menos de 3% desde 2023 — pode ruir se as acusações forem comprovadas.
Impacto econômico ainda incerto
Apesar de conquistas como queda dos juros de 100% para 29% ao ano e aumento das reservas internacionais de US$ 19 bilhões para US$ 33 bilhões, a atividade segue fraca: vendas de pequenas e médias empresas caíram 2% em julho, enquanto setores como indústria e construção retraem. Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, «o choque entre disciplina macroeconômica e vulnerabilidade microeconômica» explica a onda de inadimplência.

Imagem: Internet
Especialistas alertam que a combinação entre incerteza política e pressão cambial pode atrasar a retomada do emprego e da renda. A agenda de reformas, crucial para negociar maior base parlamentar nas eleições de meio mandato, enfrenta agora a prova de fogo da credibilidade presidencial. Como relembra a BBC, escândalos de corrupção historicamente comprometem a governabilidade na Argentina.
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Crédito da imagem: NeoFeed