Discurso de Lula na ONU expõe tensão fiscal no Brasil

Discurso de Lula na ONU expõe tensão fiscal no Brasil

Discurso de Lula na ONU deverá ressaltar soberania nacional, multilateralismo e a defesa de um Estado palestino, mas, no Brasil, o governo enfrenta a difícil combinação de Selic em 15% e gasto público crescente, cenário que pressiona a dívida e desafia a meta fiscal zero.

A fala do presidente, marcada para 23 de setembro na Assembleia Geral das Nações Unidas, ocorre na mesma semana em que o Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe e o Congresso discute anistia. O palco internacional tende a atrair holofotes enquanto temas espinhosos seguem em Brasília.

Discurso de Lula na ONU expõe tensão fiscal no Brasil

No campo doméstico, a política monetária contracionista contrasta com a estratégia fiscal expansionista. Com a taxa básica mantida em 15%, o juro real projetado de 9,5% é o segundo mais alto entre 40 economias — atrás apenas da Turquia, segundo levantamento da MoneYou e Lev Intelligence. O aperto eleva o custo da dívida, estimada em 79% do PIB em 2025.

Mesmo com receitas em alta, o Ministério da Fazenda prevê déficit primário de até 0,25% do PIB neste ano para cumprir a meta zero fixada pelo novo arcabouço fiscal. O relatório bimestral de receitas e despesas, que sai em 22 de setembro, pode reverter R$ 4,3 bilhões em bloqueios, calcula Tiago Sbardelotto, da XP Investimentos. Para reverter a trajetória da dívida, ele estima necessidade de superávit de 1,4% do PIB, mesmo em cenário de juros reais mais baixos e crescimento de 2,5% ao ano.

A agenda da semana inclui a ata do Copom, o Relatório de Política Monetária e reunião do Conselho Monetário Nacional em 25 de setembro. Esses documentos devem reiterar que o estímulo fiscal de curto prazo pressiona a demanda e pode afetar a percepção de sustentabilidade da dívida, encarecendo ainda mais os prêmios da curva de juros.

No front externo, indicadores de atividade nos Estados Unidos e Europa, além de discursos de dirigentes do Federal Reserve — que reduziu juros em 17 de setembro —, ajudam a compor o ambiente de incerteza. A possibilidade de novas medidas comerciais contra o Brasil, citada pelo secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, adiciona volatilidade. A Organização das Nações Unidas confirma que o Brasil manterá a tradição de abrir o debate geral, seguido pelos EUA.

Enquanto busca apoio internacional, o governo precisa equilibrar contas internas pressionadas por despesas obrigatórias e programas sociais, além de um mercado de trabalho ainda aquecido que sustenta a renda e a inflação.

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Imagem: Reprodução

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