Estudo indica relação entre dieta vegetariana e menor risco de câncer de estômago e linfoma
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Loma Linda, na Califórnia, aponta que padrões alimentares sem carne podem estar associados a uma probabilidade reduzida de desenvolver determinados tipos de câncer. A investigação acompanhou 79.468 adultos residentes nos Estados Unidos e no Canadá entre 2002 e 2015, período em que foram coletados dados detalhados sobre dieta e incidência da doença.
No início do acompanhamento, nenhum participante apresentava diagnóstico de câncer. Durante os 13 anos de observação, parte deles foi acometida pela enfermidade, o que permitiu comparar a frequência de novos casos entre diferentes perfis alimentares. Após a análise, os autores verificaram que as pessoas que seguiam dietas vegetarianas ou veganas mostraram redução de 45% no risco de câncer de estômago e de 25% na probabilidade de linfomas, em comparação com quem consumia carne regularmente.
Os cientistas não identificaram proteção significativa contra outros tumores, incluindo os que afetam o trato urinário ou o sistema nervoso. Segundo os autores, a relação mais evidente com o aparelho gastrointestinal pode ser explicada pelo contato direto dos alimentos e de seus subprodutos de digestão com as células desses órgãos. Carnes processadas, por exemplo, já são reconhecidas como fatores de risco para câncer gástrico, e a ausência desses itens no cardápio vegetariano pode contribuir para o resultado observado.
Além da falta de carne vermelha, dietas baseadas em vegetais costumam fornecer maiores quantidades de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes. Esses elementos participam de processos de defesa celular e podem ajudar a neutralizar substâncias potencialmente carcinogênicas. Ainda assim, os pesquisadores ressaltam que benefícios só são esperados quando o plano alimentar é bem estruturado. A exclusão de fontes animais sem substituições adequadas pode levar a carências de ferro, proteínas e outros nutrientes, o que impõe a necessidade de orientação profissional antes de mudanças radicais no cardápio.
Por se tratar de um estudo observacional, os resultados indicam associação, mas não estabelecem causa e efeito. Há possibilidade de que fatores externos, não controlados pela análise, tenham influenciado a menor incidência de câncer entre vegetarianos. Prática regular de atividades físicas, menor consumo de álcool ou composição genética favorável são exemplos de variáveis que podem ter contribuído para parte da diferença encontrada.
Apesar dessas limitações, os autores defendem que o trabalho reforça a relevância de padrões alimentares dominados por frutas, verduras, legumes, grãos e sementes no contexto da prevenção oncológica. A adoção de escolhas mais vegetais, quando aliada a outros hábitos saudáveis, como exercícios regulares e controle do peso, forma um conjunto de medidas com potencial de reduzir o risco de diversos problemas crônicos.

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Importante destacar que a pesquisa não sugere que todos devam se tornar estritamente vegetarianos para obter benefícios. Incrementar a participação de alimentos de origem vegetal nas refeições diárias, reduzindo o consumo de carnes processadas e privilegiando preparações frescas, já representa um passo relevante para a saúde. Essa transição pode ser adaptada às preferências individuais e realizada gradualmente, sempre com acompanhamento de nutricionistas ou médicos, a fim de garantir equilíbrio de nutrientes.
O câncer permanece entre as principais causas de morte no Brasil e no mundo, o que torna urgentes as estratégias de prevenção. Mudanças de estilo de vida são consideradas um dos pilares nessa área, por serem fatores modificáveis e acessíveis à população. A alimentação, em particular, mostra-se cada vez mais determinante na literatura científica para a redução do risco de várias neoplasias.
Os resultados do levantamento da Universidade Loma Linda foram publicados no periódico American Journal of Clinical Nutrition. A pesquisa integra um corpo crescente de evidências que avaliam o impacto de padrões dietéticos na saúde a longo prazo e contribui para o debate sobre políticas públicas voltadas à promoção de dietas ricas em vegetais.
Em resumo, o trabalho indica que excluir ou diminuir carne na dieta, dentro de um plano equilibrado, pode estar associado a menor incidência de câncer de estômago e linfomas. Embora sejam necessários ensaios clínicos controlados para confirmar causalidade, o estudo reforça a recomendação de aumentar o consumo de frutas e hortaliças como parte de um conjunto de ações preventivas contra a doença.