Descarrilamento do Elevador da Glória faz 15 mortos e 18 feridos em Lisboa
Pelo menos 15 pessoas morreram e 18 ficaram feridas, cinco das quais em estado grave, depois de um dos carris do Elevador da Glória ter descarrilado ao início da noite de quarta-feira em Lisboa. O acidente ocorreu cerca das 18:05 junto à Avenida da Liberdade, numa das zonas mais visitadas da capital portuguesa.
Operações de socorro mobilizaram mais de 60 profissionais
De acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, 62 operacionais e 22 viaturas foram destacados para o local. Várias equipas de bombeiros, elementos do INEM e agentes da PSP criaram um perímetro de segurança, procederam ao corte de trânsito e iniciaram as manobras de resgate. Algumas pessoas ficaram inicialmente presas nas ferragens, mas todas foram libertadas pouco depois.
Dos 18 feridos confirmados, cinco inspiram cuidados intensivos no Hospital de São José e no Hospital de Santa Maria. Os restantes 13, entre os quais uma criança, apresentam lesões ligeiras. As autoridades indicaram que algumas vítimas mortais são cidadãs estrangeiras, mas não avançaram nacionalidades nem idades.
Causa ainda por esclarecer
O motivo do descarrilamento permanece sob investigação. Técnicos do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) isolaram a linha para inspeção. O jornal Observador noticiou que um cabo de tração se terá soltado a meio do percurso, levando a composição a perder controlo e a embater num edifício adjacente. As imagens registadas no local mostram a carruagem amarela virada de lado, com danos estruturais significativos, enquanto fumo denso se espalhava pela rua calcetada.
Pedro Bogas, representante da Carris — empresa responsável pela operação do funicular — classificou o dia como “extremamente triste” e garantiu que a transportadora dispõe de protocolos rigorosos de manutenção. “Precisamos de perceber exatamente o que falhou”, afirmou aos jornalistas.
Infra-estrutura histórica com mais de um século
Inaugurado em 1885 e eletrificado em 1915, o Elevador da Glória percorre cerca de 275 metros entre a Praça dos Restauradores e o Bairro Alto, vencendo um declive acentuado em apenas três minutos. Cada composição tem capacidade para 43 passageiros e funciona por contrapeso: enquanto um carro desce, o peso ajuda o outro a subir. A ligação é particularmente procurada por visitantes que pretendem evitar as subidas íngremes das colinas lisboetas.
Três dias de luto municipal
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, decretou três dias de luto na cidade. Num comunicado, apresentou “sentidas condolências às famílias e amigos das vítimas” e sublinhou o impacto da tragédia na comunidade local. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou “profundo pesar” pelas fatalidades e desejou “rápida recuperação aos feridos”.

Imagem: Internet
Também o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, enviou uma mensagem de solidariedade ao povo português, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou o sucedido e expressou apoio às autoridades nacionais.
Próximos passos da investigação
Equipa multidisciplinar composta por especialistas do IMT, da Inspeção-Geral dos Transportes e da Polícia Judiciária foi destacada para recolher provas e analisar peças mecânicas. A prioridade passa por determinar se houve falha técnica, erro humano ou possível sabotagem. Resultados preliminares deverão ser divulgados nos próximos dias, mas as conclusões finais podem levar várias semanas.
Enquanto decorrem as averiguações, o serviço do Elevador da Glória permanece suspenso por tempo indeterminado. A Carris recomenda a utilização de percursos alternativos, incluindo autocarros que fazem a ligação entre os Restauradores e o Bairro Alto. Os técnicos irão avaliar igualmente os restantes elevadores históricos — Bica e Lavra — embora não haja, para já, indícios de riscos semelhantes.
A dimensão do acidente reabre o debate sobre a modernização das infra-estruturas de transporte histórico na capital. Especialistas em mobilidade defendem investimentos adicionais em sistemas de segurança redundantes e em auditorias técnicas regulares. A Câmara de Lisboa já admitiu reforçar as inspeções preventivas, mas aguarda o relatório oficial para definir intervenções concretas.