Curador da Bienal de São Paulo propõe arte sem fronteiras

Curador da Bienal de São Paulo propõe arte sem fronteiras

Curador da Bienal de São Paulo 2025, o camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung quer transformar o pavilhão do Ibirapuera em um espaço de humanidade compartilhada. Cientista de formação, ele trocou a biotecnologia pela arte ao perceber que, em sua cultura, ciência e criação caminham juntas e podem oferecer respostas coletivas a crises globais.

Ndikung foi convidado pela presidente da fundação, Andrea Pinheiro, para liderar a 36ª edição da mostra paulistana, que terá mais de 120 artistas de diversos países. Ao lado dos cocuradores Alya Sebti, Anna Roberta Goetz, Thiago de Paula Souza e Keyna Eleison, ele trabalha o tema “Nem todo viandante anda estradas — Da humanidade como prática”, inspirado em versos da escritora brasileira Conceição Evaristo.

Curador da Bienal de São Paulo propõe arte sem fronteiras

Para o curador, mapas “são ferramentas de controle” que limitam a experiência humana. Ele recorre à metáfora dos pássaros, que “voam sem olhar linhas”, para defender uma Bienal que ultrapasse barreiras sociais, políticas e geográficas. Ndikung afirma que “a única razão de fazer arte é imaginar um mundo melhor” e sustenta que a expansão de fronteiras é vital diante de guerras, crises climáticas e disputas econômicas.

A trajetória do camaronês inclui doutorado na Universidade Técnica de Berlim e atuação na indústria biomédica até 2014, quando integrou a equipe da Documenta 14. Desde então, dedica-se à curadoria como “prática de encontros e negociações”, conceito reforçado pela influência da curadora senegalesa Koyo Kouoh, falecida em 2025.

Ndikung planeja ações educativas antes mesmo da abertura oficial, levando a Bienal a escolas e comunidades periféricas de São Paulo. A ideia é reduzir a distância entre público e arte contemporânea por meio de oficinas, visitas guiadas e debates que incentivem jovens a refletir sobre identidade e pertencimento.

Segundo a Fundação Bienal de São Paulo, o evento permanece gratuito e deverá atrair milhões de visitantes entre setembro e dezembro de 2025. Para o curador, “não existe hierarquia no espaço do sofrimento humano”, e a arte deve funcionar como ponto de convergência de lutas ambientais, raciais e econômicas.

Entre as referências que moldam o projeto estão o filósofo Achille Mbembe e o escritor Ngũgĩ wa Thiong’o, além da música brasileira do movimento Manguebeat, apreciada por Ndikung desde a juventude. “Trabalho como maestro: tão importante quanto o regente é a orquestra à sua frente”, resume.

Com uma liderança baseada na compaixão, o curador pede que todos “dêem um passo atrás para enxergar melhor” e convida o público a participar dessa construção coletiva de futuro.

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Crédito da imagem: Bob Wolfenson

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