Coproduções brasileiras marcam presença na 78ª edição do Festival de Locarno

Coproduções brasileiras marcam presença na 78ª edição do Festival de Locarno

O Festival de Cinema de Locarno, realizado de 6 a 16 de agosto na cidade homônima situada na região italiana da Suíça, chega à 78ª edição com três obras coproduzidas pelo Brasil distribuídas em diferentes mostras. Entre elas, apenas uma disputa o Pardo d’Oro (Leopardo de Ouro), principal prêmio do evento e referência no circuito mundial de cinema autoral.

Longa-metragem “Drácula” na competição internacional

Único representante brasileiro na competição oficial, o longa “Drácula” tem coprodução assinada por Rodrigo Teixeira, da RT Features, em parceria com empresas da Romênia, Áustria e Luxemburgo. Dirigido pelo romeno Radu Jude, o filme será exibido pela primeira vez no domingo, 10 de agosto, e concorre com outros 17 títulos na categoria Concurso Internacional.

Segundo a sinopse divulgada pelo festival, a produção apresenta uma releitura em tom de comédia do célebre enredo de vampiros, incorporando imagens geradas por inteligência artificial. Falado em romeno, alemão e inglês, o projeto reforça a trajetória internacional de Teixeira, produtor brasileiro indicado anteriormente a prêmios como Oscar, Globo de Ouro e Palma de Ouro.

Participação lusófona em outras obras concorrentes

Na mesma seleção principal figura “As Estações”, dirigido pela francesa Maureen Fazendeiro, radicada em Lisboa. Embora não conte com participação brasileira, o longa chama atenção por ser o único da competição rodado em língua portuguesa. A obra é fruto de coprodução entre Portugal, França, Espanha e Áustria.

Brasil na mostra Pardi di Domani

A vitrine Pardi di Domani, dedicada a cineastas emergentes, também conta com presença brasileira. A mostra é subdividida em três competições: Internacional, Nacional (restrita a produções suíças) e Autoral. O Brasil aparece em duas delas com os curtas “Primera Enseñanza” e “O Rio de Janeiro Continua Lindo”.

“Primera Enseñanza”, de 14 minutos, integra a Competição Internacional. A direção é compartilhada pela cubana Aria Sánchez e pela brasileira Marina Meira, ambas estreantes. A coprodução envolve Cuba, Espanha e Brasil e foi filmada em espanhol. O curta estreia na quinta-feira, 7 de agosto, e, de acordo com a ficha oficial, procura evidenciar o absurdo contido no cotidiano por meio de perspectivas latino-americanas.

Já “O Rio de Janeiro Continua Lindo”, de 24 minutos, participa da Competição Nacional, voltada a obras com vínculo de produção suíço. O filme é assinado pelo suíço-brasileiro Felipe Casanova, que acumula as funções de diretor, roteirista e diretor de fotografia. A coprodução reúne Bélgica, Brasil e Suíça e tem estreia marcada para 10 de agosto, com áudio original em português e legendas em inglês ou italiano.

A sinopse oficial caracterizam a obra como uma carta de uma mãe negra ao filho negro, ressaltando a recorrência da violência policial e o racismo estrutural no Brasil. A narrativa se desenvolve durante o Carnaval carioca e, segundo o festival, dialoga com raízes que remontam à colonização, à escravidão e ao período da ditadura militar. O material de divulgação alerta que o curta contém efeitos visuais que podem causar convulsões em espectadores com epilepsia fotossensível.

Homenagens da 78ª edição

Além das competições, o Festival de Locarno presta tributos a nomes consagrados do cinema mundial. A atriz iraniana Golshifteh Farahani será agraciada com o Excellence Award Davide Campari. O ator, diretor e coreógrafo Chan Kong-sang, conhecido internacionalmente como Jackie Chan, receberá o Leopardo de Ouro pelo conjunto da obra. A norte-americana Lucy Liu será homenageada com o Career Achievement Award, enquanto a britânica Emma Thompson receberá o Leopard Club Award.

Relevância do festival

Fundado em 1946, o Festival de Locarno destaca-se entre os eventos dedicados ao cinema autoral, servindo de vitrine para produções independentes e experimentais. A competição pelo Leopardo de Ouro é tradicional ponto de partida para a circulação de filmes em mostras internacionais e premiações subsequentes. Neste ano, a presença brasileira concentra-se nas coproduções, reforçando vínculos entre profissionais do país e parceiros europeus e latino-americanos.

As sessões se distribuem por salas históricas da cidade e pela Piazza Grande, espaço ao ar livre que reúne milhares de espectadores. A programação inclui debates, oficinas e exibições especiais, consolidando Locarno como fórum de intercâmbio entre criadores, produtores e público.

Com três títulos vinculados ao Brasil, a 78ª edição reafirma a inserção do audiovisual brasileiro em circuitos globais, ainda que de forma majoritariamente colaborativa. O resultado das competições e a recepção das obras serão conhecidos ao longo dos 11 dias de evento, culminando na cerimônia de premiação prevista para 17 de agosto.

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