Copom mantém Selic em 15% e tarifas dos EUA pressionam exportações; balanços corporativos sustentam otimismo

Copom mantém Selic em 15% e tarifas dos EUA pressionam exportações; balanços corporativos sustentam otimismo

 

O cenário econômico da semana foi marcado por três vetores centrais: a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de preservar a taxa Selic em 15% ao ano, o anúncio de tarifas de 50% sobre parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos a partir de 6 de agosto e a divulgação de balanços corporativos que, em geral, superaram expectativas.

Ao optar pela manutenção dos juros básicos, o Banco Central manteve o curso já antecipado pelos agentes de mercado. No comunicado, a autoridade monetária reiterou a necessidade de vigilância diante de riscos fiscais e pressões inflacionárias. Não houve indicação de flexibilização no curto prazo, consolidando a percepção de que o atual patamar deve permanecer por um período prolongado.

Projeções da XP apontam que o ciclo de cortes começaria somente em janeiro de 2026, com cinco reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual. Nesse cenário, a Selic terminaria aquele ano em 12,50%. A estimativa assume continuidade do atual arcabouço fiscal e ausência de choques significativos de oferta ou demanda.

No campo fiscal, o governo manteve os decretos que ampliam as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A arrecadação adicional prevista é de R$ 11,5 bilhões em 2025 e de R$ 27,7 bilhões em 2026. Apesar do reforço, analistas avaliam que o montante não será suficiente para atingir as metas de resultado primário, o que mantém a necessidade de novas medidas a serem aprovadas pelo Congresso.

Do lado externo, o governo norte-americano confirmou a imposição de tarifa de 50% sobre um conjunto de produtos brasileiros. Cerca de 42% da pauta exportadora foi excluída da taxação, sobretudo itens básicos, mas bens manufaturados foram amplamente atingidos. De acordo com cálculos da XP, as exportações nacionais podem recuar R$ 3,5 bilhões em 2025, com reflexos negativos sobre o Produto Interno Bruto e impacto limitado, porém presente, na inflação.

Especialistas destacam a possibilidade de desvio de comércio, com empresas buscando mercados alternativos ou realocando linhas de produção. O governo brasileiro estuda contramedidas setoriais para mitigar perdas, enquanto acompanha negociações que ainda podem ajustar a lista de produtos tarifados.

No mercado acionário, a temporada de resultados começou apontando resiliência das companhias locais. AmBev revelou crescimento de receita, EBITDA e lucro líquido, beneficiada por mix de produtos e iniciativas de eficiência. Bradesco também apresentou números sólidos, indicando avanço na margem financeira e controle de inadimplência.

Nos Estados Unidos, Meta e Microsoft divulgaram performances robustas. A proprietária do Facebook registrou aumento de usuários ativos e receitas de publicidade digital, enquanto a gigante do software reportou expansão em serviços de nuvem e inteligência artificial. Esses resultados reforçaram a percepção de que o setor de tecnologia segue sustentando parte relevante do crescimento corporativo global.

A 15ª edição da conferência Expert XP, realizada em formato especial, reuniu nomes como Arnold Schwarzenegger, Morgan Housel, Kelly Slater e Rodrigo Santoro. Além de discussões sobre política e economia, o evento abordou inovação, educação financeira e comportamento do investidor, consolidando-se como plataforma de debate para temas de mercado de capitais.

No Café Alocação e Fundos, o investidor Howard Marks destacou a importância da diversificação. Segundo o fundador da Oaktree Capital, diversificar é a melhor estratégia para lidar com incertezas, complementando a convicção necessária na escolha de ativos. A conversa com o CIO da XP, Artur Wichmann, reforçou o papel da gestão de risco em portfólios.

Já o XP Global REITs & FIIs Summit aproximou gestores de fundos imobiliários brasileiros de investidores institucionais internacionais. A iniciativa buscou evidenciar como os Real Estate Investment Trusts (REITs) podem contribuir para carteiras mais diversificadas e eficientes, acompanhando tendência global de ampliar alternativas de alocação no segmento de imóveis.

Por fim, estudos internos da XP indicam que estratégias long/short vêm se beneficiando da rotação setorial. Desde 2016, as carteiras que exploram diferenças de precificação renderam cerca de 18% ao ano. Atualmente, os setores mais posicionados na ponta comprada incluem elétricas, papel e celulose e propriedades comerciais, enquanto mineração e siderurgia, bancos e instituições financeiras figuram como menos alocados e, portanto, potenciais candidatos a retomada em hipóteses de correção.

Com juros inalterados, impacto tarifário em avaliação e lucro corporativo acima do esperado, os agentes econômicos seguem monitorando a evolução do arcabouço fiscal, a resposta das empresas ao novo ambiente comercial e a continuidade do ciclo de resultados, fatores que devem orientar o comportamento dos mercados nas próximas semanas.

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