Startup indiana Citymall capta 47 milhões e reforça aposta em mercearia low-cost

Startup indiana Citymall capta 47 milhões e reforça aposta em mercearia low-cost

A Citymall, plataforma indiana de comércio eletrónico especializada em mercearia de baixo custo para cidades fora dos grandes centros, concluiu uma ronda de financiamento Série D no valor de 47 milhões de dólares. A operação foi liderada pela Accel e contou com a participação dos atuais investidores Waterbridge Ventures, Citius, General Catalyst, Elevation Capital, Norwest Venture Partners e Jungle Ventures. Com este montante, o capital total angariado pela empresa passa para 165 milhões de dólares.

Avaliação mantém-se estável apesar do novo investimento

O novo financiamento surge três anos após a Série C, em que a Citymall arrecadou 75 milhões de dólares sob a liderança da Norwest. Apesar do crescimento operacional, a avaliação da empresa permanece nos 320 milhões de dólares. Fontes próximas do negócio referem que os investidores optaram por aplicar um múltiplo de quatro vezes a receita anual recente como referência, procurando refletir um contexto de mercado mais conservador face ao otimismo registado no período anterior.

Segundo a Accel, o segmento de mercearia online com foco no valor continua a ser o maior mercado de consumo na Índia. A firma de capital de risco indica que a Citymall mantém potencial de expansão graças à base de clientes que privilegia preços baixos em detrimento da entrega ultrarrápida.

Modelo de negócio: menos pressa, mais poupança

Fundada em 2019, a Citymall posiciona-se como alternativa às plataformas de quick commerce, como BlinkIt ou Zepto, que prometem entregas em dez minutos. Em vez de responder a pedidos imediatos, a empresa dirige-se a consumidores que planeiam compras de forma antecipada. A aplicação disponibiliza cerca de metade das referências (SKUs) típicas de um serviço rápido, mas o dobro da oferta de uma loja física orientada para preço.

Para conter custos, a companhia estabeleceu marcas próprias e acordos diretos com fabricantes, garantindo margens através da eficiência operacional e da cadeia de abastecimento. Não são cobradas taxas de manuseamento ou entrega, e o prazo de envio situa-se em 24 horas. O ticket médio ronda as 450–500 rupias (aproximadamente 5 a 6 dólares), e o público-alvo inclui utilizadores com rendimentos mensais entre 15 000 e 80 000 rupias.

Nos primeiros tempos, a Citymall recorreu a líderes comunitários para promover a plataforma, recolher pedidos e efetuar a última milha. Durante a pandemia, esse apoio ajudou novos clientes a habituarem-se às compras online. Atualmente, esses parceiros limitam-se à logística final, medida que reduziu despesas fixas.

Expansão e sustentabilidade financeira

O serviço opera em 60 cidades, entre as quais Delhi NCR, Uttar Pradesh, Haryana, Bihar e Uttarakhand. O diretor-executivo, Angad Kikla, afirma que a prioridade passa por estender a cobertura a municípios vizinhos das zonas já servidas, maximizando a utilização dos armazéns existentes.

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Imagem: Internet

Dados da consultora Entrackr indicam que, no último exercício, a empresa registou margens EBITDA negativas superiores a 30%. A Citymall garante, contudo, que já apresenta rentabilidade operacional, sem avançar calendário para alcançar lucro consolidado. A pressão competitiva mantém-se elevada, com retalhistas locais, plataformas de mercearia online tradicionais e serviços de quick commerce a disputarem o mesmo mercado.

Estudos de mercado destacam tendências que podem favorecer a estratégia da Citymall. A Bloomberg Intelligence antecipa que o quick commerce capte 20 % das vendas de comércio eletrónico na Índia até 2035, enquanto a Bernstein Research estima que as compras de mercearia online representem 12 % do total já no final deste ano. Contudo, análises da Redseer revelam que os custos por encomenda aumentam fora das áreas metropolitanas, cenário que beneficia modelos focados em preço e planeamento, como o da Citymall.

Para os investidores, a vantagem competitiva reside na estrutura enxuta. De acordo com Manish Kheterpal, cofundador da Waterbridge Capital, os custos operacionais mais baixos permitem oferecer produtos essenciais a preços reduzidos, mesmo que a frequência de compra seja apenas de algumas vezes por mês. A aquisição direta junto dos fornecedores e a distribuição apoiada em líderes comunitários sustentam margens consideradas saudáveis.

Com o novo capital, a Citymall pretende intensificar o desenvolvimento de marcas próprias, melhorar a eficiência logística e acelerar a expansão regional. A empresa acredita que o segmento de consumidores sensíveis ao preço continuará a crescer e que o seu modelo focado em valor, em vez de velocidade, lhe permitirá conquistar quota num setor em rápida transformação.

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