Lançamento do ChatGPT-5 enfrenta críticas e obriga OpenAI a rever estratégia
A OpenAI estreou o ChatGPT-5 em 7 de agosto de 2025 com a promessa de oferecer interações mais humanas e conhecimento equivalente ao de um especialista de nível PhD em qualquer área. Porém, poucos dias após a liberação do novo modelo, a repercussão nas redes sociais e nos fóruns de usuários passou do entusiasmo à frustração, forçando a companhia a adotar medidas emergenciais para conter a insatisfação.
O principal alvo das queixas é o estilo de resposta considerado “frio” e impessoal. Diversos usuários relatam que o sistema parece menos disposto a dialogar, além de impor um teto de 200 perguntas por semana, restrição que não existia nas versões anteriores. Outro ponto de desgaste envolve erros elementares: falhas no traçado de mapas, deslizes em cálculos simples e inconsistências gerais que contrastam com a expectativa de avanços significativos em precisão e contexto.
Diante da reação negativa, o CEO Sam Altman recorreu à rede social X para reconhecer que a empresa “esperava alguns solavancos, mas o impacto foi maior que o previsto”. O executivo afirmou que engenheiros trabalham para atribuir ao ChatGPT-5 uma personalidade mais acolhedora e anunciou duas providências imediatas. A primeira foi disponibilizar novamente um modelo anterior, considerado mais popular, a fim de oferecer alternativa aos usuários. A segunda foi liberar uma configuração que permite escolher, antes de cada conversa, qual versão utilizar.
Outro desafio envolve a infraestrutura necessária para sustentar o tráfego de um público estimado em 700 milhões de usuários ativos por semana. A demanda superior ao previsto pressiona a capacidade computacional e fez a OpenAI rever políticas de prioridade, buscando garantir estabilidade aos assinantes pagantes e a empresas que integram o serviço em aplicativos próprios. Segundo Altman, o dimensionamento adequado dos servidores deve reduzir latência e falhas de resposta nas próximas semanas.
O problema tem reflexos diretos no Brasil, terceiro maior mercado do ChatGPT, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. A companhia calcula que, em território brasileiro, circulam diariamente mais de 140 milhões de mensagens pela plataforma. O número expressivo de interações acentua os gargalos, já que parte dos recursos de processamento é distribuída proporcionalmente ao volume de acessos de cada região.
No momento em que o ChatGPT-5 tropeça, concorrentes ampliam investimentos e visibilidade. O Claude, da Anthropic, vem ganhando preferência entre programadores e clientes corporativos, sinalizando um cenário em que a liderança da OpenAI não está assegurada. A nova versão também chega após dois anos de atrasos, período que alimentou especulações de que a empresa poderia perder vantagem competitiva. Em conferência com investidores, Altman negou essa possibilidade, mas admitiu que cada atualização gradativa tende a enfrentar escrutínio elevado do público.
Imagem: neofeed.com.br
Usuários relatam experiências divergentes com a versão recém-lançada. O especialista em marketing Jason Pollak, de Atlanta, descreveu o GPT-5 como “insípido e genérico”, distante de um parceiro de pensamento criativo. Ele avalia que o modelo prioriza exposição de tese acadêmica em vez de dialogar de forma espontânea. Já Juliette Haas, executiva de uma agência de comunicação, comparou sugestões de negócios geradas pelo GPT-4 e pelo GPT-5. Na análise dela, a edição anterior contextualizava relacionamentos e timing, enquanto o novo sistema apresentou uma lista de verificação puramente orientada a dados, com menor sensibilidade ao subtexto.
Nem todas as opiniões, entretanto, são desfavoráveis. Para Jim Marsh, fundador da consultoria JMC Strategic Intelligence e assinante desde 2022, o GPT-5 exibe melhorias na organização de informações e na rapidez das respostas. Ele considera natural que o mercado espere “truques de mágica” a cada atualização, mas lembra que a evolução incremental é o padrão em tecnologias complexas.
O saldo inicial do ChatGPT-5 revela, portanto, um contrapeso entre altas expectativas e desafios operacionais. A necessidade de ajustar a personalidade do modelo, corrigir erros básicos e ampliar a capacidade de processamento compõe a agenda imediata da OpenAI. Enquanto isso, a percepção do público — especialmente em grandes mercados como o brasileiro — pode influenciar a adoção de rivais e o ritmo de expansão da inteligência artificial conversacional nos próximos meses.
