Casas Bahia chega ao sétimo trimestre de alta no EBITDA e reduz dívida após entrada da Mapa Capital

Casas Bahia chega ao sétimo trimestre de alta no EBITDA e reduz dívida após entrada da Mapa Capital

A Casas Bahia encerrou o segundo trimestre de 2025 com o sétimo avanço consecutivo no resultado operacional. O EBITDA somou R$ 572 milhões entre abril e junho, alta de 26,5% em relação ao mesmo período de 2024. O desempenho foi sustentado por crescimento de vendas, expansão do crediário e controle de despesas, ao mesmo tempo em que a companhia iniciou um processo de desalavancagem decorrente da troca de dívida por ações que levou a Mapa Capital ao controle.

A receita líquida totalizou R$ 6,9 bilhões, 6% acima do volume de um ano antes. O GMV consolidado (volume bruto de mercadorias) alcançou R$ 10,5 bilhões, acréscimo de 7,6% no comparativo anual. No conceito de mesmas lojas, o avanço foi de 6,7%.

As vendas nas lojas físicas, principal canal de comercialização, geraram GMV de R$ 6,2 bilhões, evolução de 5,8%. No e-commerce, o crescimento foi mais intenso, de 10,4%, com R$ 4,16 bilhões. Dentro da estratégia digital, a empresa mantém o foco em itens diretamente ligados ao seu portfólio histórico — eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e telefonia — após concluir, no segundo trimestre de 2024, a retirada de categorias consideradas periféricas.

A carteira de crediário encerrou junho em R$ 6,2 bilhões, expansão anual de 11,3%. Segundo a administração, a concessão de crédito tem sido feita com disciplina, priorizando clientes de renda mais baixa, público tradicional do antigo carnê. A inadimplência mostrou recuo, reforçando a opção pelo crescimento “cauteloso” do financiamento próprio. No ambiente digital, o crediário representa quase 9% das vendas; nas lojas físicas, chega a 26%.

O controle de custos também contribuiu para a melhora operacional. As despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) caíram 2,9%, enquanto a receita subiu, reduzindo a relação entre despesas e faturamento em 2,1 pontos percentuais, para 22,8%. A margem EBITDA avançou 1,3 ponto, atingindo 8,3%.

Apesar do ganho operacional, o resultado líquido permaneceu negativo. As despesas financeiras, pressionadas pela taxa Selic em torno de 15% ao ano, geraram prejuízo de R$ 555 milhões no trimestre. A companhia projeta mais 12 meses de perdas antes de capturar plenamente o efeito de redução de juros e elevação de receita.

Esse alívio virá, em parte, da renegociação de dívidas. No início de agosto, a Mapa Capital converteu R$ 1,6 bilhão em debêntures em participação acionária de 85,5%, medida que diminuiu o endividamento bruto em cerca de 40%. A administração calcula economia de R$ 250 milhões em juros anuais, efeito que deve aparecer pela metade no terceiro trimestre e integralmente no quarto trimestre.

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Imagem: neofeed.com.br

Com a operação, o índice de alavancagem (dívida líquida/EBITDA) passa de 1,8 para 1,1 vez, segundo estimativa da empresa. A melhora de indicadores já permitiu acesso a linhas de crédito mais baratas, abrindo espaço para substituição de passivos antigos por financiamentos com custos inferiores.

A mudança acionária provocará ajustes no conselho de administração. O colegiado passará de cinco para sete membros, três deles indicados pela Mapa Capital. A expectativa é que os sócios Fernando Beda e Paulo Silvestri assumam posições, além de um executivo independente do mercado. O novo controlador pretende manter a atual diretoria pelos próximos dois anos, apostando na experiência da equipe no processo de desalavancagem.

No front comercial, a empresa reforça a relevância das lojas físicas, onde obtém maior margem, principalmente via crediário. Para impulsionar esse canal, investe em ferramentas de CRM direcionadas aos vendedores, apoiadas em uma base de 116 milhões de clientes. Ao mesmo tempo, o consumidor adota comportamento omnichannel, visitando pontos de venda para conhecer produtos e concluindo compras on-line.

Nos segmentos de produtos, o desempenho de linha branca gerou ganho de 1,6 ponto de participação de mercado nas lojas físicas, enquanto o índice agregado subiu 0,8 ponto. No marketplace, as vendas de terceiros cresceram 16%, ritmo atribuído à decisão de focar categorias ligadas ao core business.

No acumulado de 2025, as ações da Casas Bahia na B3 registram valorização de 4,58%, resultando em valor de mercado de aproximadamente R$ 1,9 bilhão. A administração trabalha para equilibrar crescimento das vendas, expansão do crédito e saneamento financeiro, com meta de retomar a lucratividade a partir de 2026.

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