Canetas injetáveis para emagrecimento: o que muda entre Olire, Ozempic, Wegovy e Mounjaro
As primeiras canetas injetáveis de liraglutida fabricadas no Brasil começaram a chegar às principais redes de farmácia nesta segunda-feira (4). O produto, batizado de Olire, é produzido pela farmacêutica EMS e passa a compor o portfólio nacional de medicamentos para controle de peso, ao lado de Ozempic, Wegovy e Mounjaro. Embora todos atuem sobre o apetite e a regulação da glicose, cada um traz um princípio ativo e esquemas de dose que influenciam preço, frequência de aplicação e eficácia.
Olire estreia no mercado brasileiro
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o Olire em dezembro de 2023 para tratamento de obesidade. A liberação comercial, porém, só foi possível após o fim da patente da liraglutida em março deste ano. Com esse obstáculo superado, a EMS inicia a distribuição de 150 mil canetas às redes Raia, Drogasil, Drogaria São Paulo e Pacheco. O preço sugerido varia de R$ 307,26 para caixas com uma unidade a R$ 760,61 para embalagens de três unidades.
Paralelamente, a empresa passou a ofertar o Lirux, também à base de liraglutida, indicado para diabetes tipo 2. O primeiro lote inclui 50 mil unidades e o valor de referência da embalagem com duas canetas é de R$ 507,07. Ambos os produtos ampliam a presença dos agonistas do GLP-1 em território nacional.
Uma mesma classe, três substâncias
Liraglutida (Olire e Lirux), semaglutida (Ozempic e Wegovy) e tirzepatida (Mounjaro) pertencem ao grupo dos agonistas do peptídeo semelhante ao glucagon do tipo 1 (GLP-1), hormônio envolvido na saciedade e no controle glicêmico. Todos são aplicados por via subcutânea e geram redução do apetite, mas apresentam diferenças químicas que impactam o resultado clínico.
Semaglutida age no receptor GLP-1, prolonga a sensação de estômago cheio e estabiliza a glicose sanguínea. É o componente de Ozempic, usado em diabetes tipo 2, e de Wegovy, aprovado para obesidade. A patente da substância, detida pela Novo Nordisk, vence em 2026.
Tirzepatida estimula simultaneamente os receptores GLP-1 e GIP, combinação que potencializa a perda de peso e a melhora da glicemia. Esse duplo mecanismo é a base do Mounjaro, recomendado para pessoas com obesidade confirmada ou diabetes tipo 2.
Liraglutida atua na liberação de insulina e em vias semelhantes ao GLP-1, promovendo saciedade e ajudando a regular o açúcar no sangue. Trata-se do princípio ativo dos recém-lançados Olire e Lirux, além do Saxenda e do Victoza, comercializados pela Novo Nordisk desde 2016.

Imagem: olhardigital.com.br
Frequência de aplicação e efeito na balança
A periodicidade da injeção é um dos pontos que distinguem as canetas. Ozempic, Wegovy e Mounjaro exigem administração semanal, enquanto Olire e Lirux precisam de uso diário. A vida útil de cada caneta, portanto, varia conforme a dose prescrita. No caso do Olire, uma caixa com três unidades cobre aproximadamente 18 dias — pouco menos de três semanas de tratamento.
Ensaios clínicos demonstraram que a liraglutida proporciona redução média de 4 a 6 kg, correspondentes a 5% a 10% do peso corporal. A semaglutida permite doses mais altas no Wegovy do que no Ozempic, fator que pode ampliar a perda de peso. Já a tirzepatida costuma apresentar efeito ainda mais robusto, sendo apontada como opção eficaz quando há resistência a outras terapias — característica que também se reflete no custo mais elevado do Mounjaro.
Indicações oficiais
Conforme registro na Anvisa, Ozempic (semaglutida), Lirux (liraglutida) e Mounjaro (tirzepatida) destinam-se ao tratamento de diabetes tipo 2. Olire (liraglutida) e Wegovy (semaglutida) são reservados ao manejo da obesidade. A seleção entre eles depende do quadro clínico, da resposta individual e da orientação médica, já que a substância ativa define posologia, benefícios e possíveis efeitos adversos.
Orientação profissional permanece indispensável
Médicos que acompanham o uso dos agonistas do GLP-1 ressaltam que os fármacos atuam diminuindo o apetite mas não eliminam calorias por si só. Dieta equilibrada, prática regular de atividade física e, em especial, exercícios de força para preservar a massa muscular continuam essenciais para manter os resultados ao longo do tempo. A supervisão especializada também é necessária para ajustar doses, monitorar a glicemia e evitar complicações.
Com a entrada do Olire e do Lirux, o mercado brasileiro passa a oferecer versões nacionais de liraglutida, ampliando o acesso a tratamentos que até então dependiam de importação. Apesar das variações de eficácia e preço entre as diferentes canetas, todas compartilham o mesmo princípio básico: agir sobre hormônios intestinais para ajudar o paciente a comer menos e controlar a glicose. A escolha do produto adequado exige avaliação médica individualizada, considerando diagnóstico, objetivo terapêutico e capacidade financeira de quem busca o recurso.