Canadá pretende reconhecer Estado Palestino em setembro e se alinha a França e Reino Unido
Toronto (4h atrás) – O primeiro-ministro Mark Carney anunciou nesta quarta-feira (27) que o Canadá planeja reconhecer oficialmente o Estado da Palestina em setembro, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas.
Com a decisão, o país torna-se o terceiro integrante do G7 a apresentar, nos últimos dias, um cronograma para o reconhecimento, seguindo iniciativas semelhantes divulgadas pelo Reino Unido na terça-feira e pela França na semana passada.
Condições impostas por Ottawa
Carney condicionou a medida a reformas democráticas na Autoridade Nacional Palestina (ANP), entre elas a realização de eleições em 2025 sem a participação do Hamas e a desmilitarização dos territórios palestinos. “O nível de sofrimento humano em Gaza é intolerável e piora rapidamente”, disse o premiê.
O líder canadense afirmou que a expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, a crise humanitária em Gaza e os ataques de 7 de outubro de 2023 – quando militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel e fizeram 251 reféns – motivaram a mudança de postura de seu governo, tradicional defensor de um processo de paz negociado.
Reações em Israel e na política interna
O Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou o anúncio como “uma recompensa ao Hamas” e alegou que a medida dificulta um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns. No Canadá, o Partido Conservador também criticou a iniciativa: “Reconhecer um Estado Palestino após os atentados de 7 de outubro envia a mensagem errada ao mundo”, declarou a legenda.
Pressão diplomática e cartas abertas
Quase 200 ex-embaixadores e diplomatas canadenses publicaram carta na terça-feira pedindo que Ottawa reconheça a Palestina, citando deslocamento em massa, bombardeios indiscriminados e ataques de colonos na Cisjordânia. Carney afirmou não ter sido influenciado por França e Reino Unido e garantiu que o Canadá “toma suas próprias decisões de política externa”.

Imagem: bbc.com
Cenário internacional
Atualmente, 147 dos 193 Estados-membros da ONU já reconhecem a Palestina. Caso Reino Unido e França oficializem seus anúncios, os Estados Unidos – aliado mais próximo de Israel – permanecerão como o único membro permanente do Conselho de Segurança a não fazê-lo.
Desde o início da ofensiva israelense em Gaza, mais de 60.000 pessoas foram mortas, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. No mesmo período, 154 palestinos, entre eles 89 crianças, morreram de desnutrição, de acordo com a mesma fonte.
Com informações de BBC News