BYD vê lucro cair 30% e ações recuam após guerra de preços na China
A BYD registou um enfraquecimento significativo dos resultados no segundo trimestre, provocando uma queda superior a 5 % na cotação dos seus títulos em Hong Kong. O fabricante chinês de veículos elétricos apresentou um lucro líquido de 6,36 mil milhões de yuans (aproximadamente 887 milhões de dólares), valor que representa uma descida próxima de 30 % face ao período homólogo.
Lucro trimestral fica aquém das previsões
As estimativas de analistas apontavam para ganhos na ordem dos 11,9 mil milhões de yuans (cerca de 1,65 mil milhões de dólares). A diferença entre o resultado divulgado e o esperado reacendeu a preocupação dos investidores, que reagiram com vendas imediatas. Durante a sessão, os papéis chegaram a desvalorizar 8 % antes de fecharem com recuo de 5,24 % para 108,4 dólares de Hong Kong. Mesmo com a correção, o título mantém uma valorização de quase 22 % desde o início do ano, atribuindo à empresa uma capitalização bolsista de 1,03 trilião de dólares de Hong Kong (cerca de 133,2 mil milhões de dólares).
A fabricante, que este ano ultrapassou a Tesla e se proclamou maior produtora mundial de veículos elétricos, atribuiu a quebra de rentabilidade à intensificação da guerra de preços no mercado doméstico. No relatório entregue aos investidores, a BYD referiu que “estratégias excessivas de marketing” e a concorrência baseada em descontos deterioraram temporariamente as condições do sector.
Pressão regulatória e concorrência feroz
A rivalidade acentuou-se ao longo dos últimos dois anos, período em que o preço médio dos veículos elétricos na China desceu cerca de 19 % para 165 mil yuans (22,9 mil dólares), de acordo com dados do Nomura Research Institute. Para ganhar quota, várias marcas optaram por campanhas promocionais agressivas, algumas vendendo unidades abaixo do custo, situação que levou Pequim a alertar para eventuais sanções. Em maio, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma avisou que tais práticas distorcem o mercado e prejudicam a concorrência leal.
Para a BYD, a conjuntura trouxe desafios extras. Analistas do banco de investimento Jefferies consideram que a atual intervenção regulatória limita a estratégia tradicional da empresa, baseada em economias de escala e cortes de custos na cadeia de fornecimento para manter preços baixos. Num relatório dirigido a clientes, o banco antevê um desempenho “abaixo do esperado” enquanto o fabricante não recuperar o impulso perdido.
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Impacto no mercado e perspetivas
O abalo no lucro trimestral surge num momento em que o sector automóvel chinês procura equilibrar crescimento e rentabilidade. Além de lutar por participação num mercado saturado, os construtores enfrentam pressões para inovar em baterias, autonomia e software, áreas que exigem investimento contínuo. A redução de margem limita a capacidade de suportar estes custos, podendo afetar o ritmo de expansão global.
Apesar do revés, a BYD mantém escala significativa e uma posição destacada na cadeia de valor das baterias, fatores que lhe permitiram ultrapassar a Tesla em unidades vendidas. A manutenção dessa vantagem dependerá, contudo, da evolução do quadro competitivo interno e das respostas dos reguladores às práticas de desconto. Até lá, o mercado continuará a escrutinar a capacidade do grupo para equilibrar volume de vendas e rentabilidade num ambiente de preços comprimidos.
