Bolsa cai e dólar toca máximos com Vale a pressionar Ibovespa

Bolsa cai e dólar toca máximos com Vale a pressionar Ibovespa

O principal índice da bolsa brasileira inverteu o sinal durante a manhã desta segunda-feira e desceu para a faixa dos 141 mil pontos, enquanto o dólar renovou máximos acima de 5,44 reais. A combinação de queda no preço do minério de ferro, novos dados fracos da indústria e realização de lucros após a série de recordes recentes dominou o sentimento dos investidores.

Viragem negativa após arranque próximo do recorde

O Ibovespa abriu a sessão em alta ligeira e chegou a oscilar na casa dos 141 950 pontos, perto do máximo histórico intradiário atingido na sexta-feira (142 378,69 pontos). Contudo, a pressão exercida por Vale, que recuava 1,1&nbsp%, e pelo enfraquecimento dos futuros do minério de ferro na China, fez o índice perder força. Às 12h07, a referência da B3 registava queda de 0,25&nbsp%, aos 141 070,31 pontos.

Nos mesmos minutos, o dólar comercial subia 0,45&nbsp%, cotado a 5,445 reais, a maior marca do dia, reflectindo procura por protecção num cenário de menor apetite ao risco e liquidez reduzida devido ao feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Na curva de juros futuros, as taxas exibiam movimento misto: o contrato para Janeiro de 2027 recuava para 13,96&nbsp%, enquanto vértices mais longos apresentavam ligeiras altas.

Dados macroeconómicos reforçam cautela

O Índice dos Gestores de Compras (PMI) industrial, compilado pela S&P Global, caiu para 47,7 pontos em Agosto, o nível mais baixo desde Junho de 2023 e o quarto mês consecutivo abaixo da linha de 50 pontos que separa expansão de contracção. As empresas inquiridas apontaram o impacto negativo das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e a procura interna mais fraca.

Antes da abertura, o Banco Central divulgou o Relatório Focus, em que os analistas reduziram as previsões para a inflação de 2025 pela 14.ª semana seguida, de 4,86 % para 4,85 %. As estimativas para a taxa de câmbio também recuaram ligeiramente, mas os participantes mantiveram a projecção da taxa Selic em 15 % para o próximo ano, sinalizando expectativa de manutenção de política monetária restritiva.

Destaques de acções: altas e baixas

No lado positivo do Ibovespa, Raízen (RAIZ4) liderava os ganhos, com valorização superior a 5&nbsp%, acompanhada por Cosan (CSAN3) e Magazine Luiza (MGLU3). A subida da Raízen foi atribuída a movimentos técnicos após recente desvalorização.

Entre as quedas, Auren (AURE3), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) figuravam entre as maiores perdas, num dia de baixa para o sector siderúrgico. Nos bancos, o desempenho era misto: Itaú Unibanco avançava 1,36&nbsp%; Bradesco cedia 0,36&nbsp%; Banco do Brasil recuava 1,03&nbsp%.

Câmbio, PTAX e mercado de derivados

O Banco Central divulgou a terceira parcial da PTAX com compra a 5,4492 reais e venda a 5,4498 reais. Nos derivativos, o contrato de minidólar para Outubro (WDOV25) subia 0,25&nbsp%, negociado a 5 480,50 pontos, enquanto o mini-índice futuro (WINV25) recuava cerca de 0,11&nbsp%, aos 143 935 pontos.

O índice de volatilidade VXBR, que mede a expectativa de oscilação implícita do Ibovespa, avançava para 14,71 pontos, máxima do dia, reflectindo o aumento da incerteza no curto prazo.

Panorama para o resto da semana

Os investidores acompanham, nos próximos dias, os indicadores norte-americanos de emprego — especialmente o relatório JOLTS de quarta-feira e o payroll de sexta — que podem influenciar as apostas para a política monetária da Reserva Federal. No Brasil, além do fluxo de notícias corporativas, a atenção centra-se no início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, na terça-feira, por alegada tentativa de golpe de Estado.

Com a bolsa perto de máximos históricos e o dólar a testar resistência técnica, analistas consideram provável um período de maior volatilidade, condicionado tanto pelos dados económicos quanto pelo noticiário político.

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