Bloqueio no Mali ameaça comércio entre Senegal e Bamako

Bloqueio no Mali ameaça comércio entre Senegal e Bamako

Bloqueio no Mali ameaça comércio entre Senegal e Bamako. Bloqueio no Mali imposto por militantes ligados à al-Qaeda está paralisando rodovias estratégicas, incendiando caminhões-tanque e pressionando os estoques de combustível no país sem litoral da África Ocidental.

O governo militar malienses, chefiado pelo primeiro-ministro Abdoulaye Maïga, reconheceu a gravidade dos ataques e anunciou “medidas urgentes” para reforçar a segurança nas rotas que ligam o Mali aos portos de Senegal e Mauritânia.

Bloqueio no Mali ameaça comércio entre Senegal e Bamako

Segundo analistas, o objetivo dos jihadistas do Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM) é sufocar economicamente Bamako. Checkpoints foram erguidos nas regiões de Kayes e Nioro-du-Sahel, corredores por onde entram combustível, alimentos e bens manufaturados. Motoristas relatam extorsões, sequestros e a queima de carretas, inclusive tanques de combustível vindos do Senegal e da Costa do Marfim.

A ofensiva começou após o sequestro — e posterior libertação — de seis caminhoneiros senegaleses no corredor Dacar-Bamako, no início de setembro. Desde então, comboios foram atacados e vilarejos inteiros enfrentam mercados fechados, transporte suspenso e serviços públicos interrompidos.

Em Kayes, responsável por 80% da produção de ouro do país e considerada a “porta do Senegal”, a população teme desabastecimento. Embora ainda não haja falta de combustível na capital, o litro já subiu cerca de 10% e os cortes de energia se tornaram mais frequentes.

O exército inicialmente minimizou a crise, classificando vídeos de ônibus em chamas nas redes sociais como “conteúdo antigo”, numa “guerra de informação orquestrada por mídia estrangeira”. Dias depois, porém, anunciou bombardeio a um acampamento do JNIM em Mousafa e o envio de reforços para Kayes e Nioro-du-Sahel.

Para Mamadou Bodian, da Universidade Cheikh Anta Diop, o bloqueio representa uma mudança tática: em vez de confrontar diretamente as forças armadas, os extremistas buscam “asfixia econômica”. Especialistas temem que, se o cerco persistir, o oeste do Mali seja paralisado e o efeito cascata atinja países vizinhos.

O Sahel concentra mais de 50% das mortes associadas ao terrorismo no mundo. O bloqueio atual amplia a influência jihadista para o sul e oeste do Mali, regiões onde o grupo pouco atuava. “Ao mirar caminhões e ônibus, o JNIM atinge o coração da mobilidade social e econômica do país”, avaliou o portal Bamada.net.

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Imagem: Internet

Senegal, principal parceiro comercial africano do Mali, exportou US$ 1,4 bilhão para Bamako em 2022. A BBC destaca que a interrupção do corredor Dacar-Bamako coloca em risco esse fluxo, que inclui combustível, cimento e alimentos básicos.

Para a população, o impacto já é palpável: frete encarecido, escassez de mercadorias e medo de viajar. Empresas de transporte suspenderam operações, enquanto motoristas relatam intimidações constantes nos postos de controle insurgentes.

A crise expõe a limitação da estratégia militar apoiada por mercenários do Africa Corps — novo nome do grupo Wagner — e reforça a fragilidade das instituições malinesas após cinco anos de governo de transição.

Se o bloqueio ao oeste for mantido, analistas alertam para a possibilidade de um cerco prolongado, capaz de minar a confiança no governo e ampliar o alcance jihadista para Senegal e Mauritânia.

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Crédito da imagem: Getty Images

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