Biometano atrai R$ 25 bilhões em investimentos até 2030
Biometano, combustível renovável apelidado de “pré-sal caipira”, desponta como nova estrela do mercado energético brasileiro após a sanção da Lei Combustível do Futuro, que torna obrigatória a mistura de 1% de gás renovável ao gás fóssil já em 2026.
A medida liberou uma avalanche de aportes: projeções do setor indicam até R$ 25 bilhões em investimentos na cadeia produtiva até 2030, envolvendo usinas sucroalcooleiras, aterros sanitários, distribuidoras de gás e gigantes do petróleo, como a Petrobras.
Biometano atrai R$ 25 bilhões em investimentos até 2030
Hoje o Brasil opera 14 plantas de biometano, com capacidade diária de 900 mil m³. Segundo a Associação Brasileira do Biogás e Biometano (Abiogás), outras 35 aguardam aval da ANP, o que pode elevar a produção nacional para 120 milhões de m³/dia e substituir até 70% do diesel consumido no país.
A legislação determina que produtores e importadores comprovem, ano a ano, o uso mínimo de biometano proporcional ao volume de gás natural vendido. Quem não o fizer poderá comprar o Certificado de Garantia de Origem de Biometano (CGOB), mecanismo semelhante ao crédito de carbono que ainda carece de regulamentação definitiva.
Apesar do otimismo, a infraestrutura de escoamento desafia a expansão. As principais usinas situam-se no interior, enquanto a malha de gasodutos se concentra no litoral, forçando o transporte rodoviário e elevando custos. Empresas apostam em corredores verdes para resolver o gargalo: a distribuidora Necta, por exemplo, mapeia postos entre o interior paulista e o Porto de Santos para abastecer caminhões movidos a gás renovável.
A ofensiva empresarial já mobiliza gigantes como a Gás Verde, que opera em seis estados e planeja saltar de 160 mil para 650 mil m³/dia até 2028, e a Orizon, que pretende produzir 1,3 milhão de m³/dia em 2029 a partir de 17 aterros. Paralelamente, a Petrobras discute parcerias para ingressar no segmento e deve anunciar sua estratégia no segundo trimestre de 2026.
Governos estaduais reforçam a agenda com incentivos fiscais. São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul reduzem ICMS e isentam IPVA de caminhões a biometano, acelerando a migração de frotas públicas e privadas em direção a metas próprias de descarbonização.

Imagem: Internet
Especialistas alertam, contudo, que a definição do percentual obrigatório e a credibilidade do CGOB serão decisivas para manter o ritmo de investimentos. Se o Conselho Nacional de Política Energética adotar cálculo retroativo desde 2024, a meta inicial de 1% torna-se factível; caso contrário, o setor teme frustração de curto prazo.
Ainda assim, o potencial permanece robusto: resíduos urbanos e subprodutos do agronegócio oferecem matéria-prima constante, sem sazonalidade, permitindo produção 24 h. A circularidade — do lixo ao combustível — soma ganho ambiental e atrai indústrias como Ambev, Nestlé e L’Oréal, que já utilizam biometano para processos térmicos e frota pesada.
Com metas globais de redução de carbono e capital disponível, o biometano consolida-se como aposta estratégica para diversificar a matriz energética brasileira e criar nova fronteira econômica no interior do país.
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Imagem: NeoFeed