Bebês superinteligentes viram obsessão no Vale do Silício
Bebês superinteligentes viram obsessão no Vale do Silício
Bebês superinteligentes viram obsessão entre bilionários da tecnologia, que investem em startups capazes de selecionar embriões com maior probabilidade de alto QI, segundo relatos de veículos como The Wall Street Journal e San Francisco Standard.
Do investimento ao experimento
Empreendedores de peso — Elon Musk, Peter Thiel, Sam Altman, Vitalik Buterin e Anne Wojcicki, entre outros — financiam empresas de genética que oferecem testes poligênicos para filtrar embriões. A Orchid Health, por exemplo, teria auxiliado Musk e a executiva Shivon Zilis na escolha do embrião de Seldon Lycurgus, seu 14º filho, apontado pela startup como “programado” para inteligência acima da média.
Custos e promessas das healthtechs
Os preços variam de US$ 6,5 mil por embrião na Nucleus a US$ 50 mil por cem embriões na Herasight, valores que não incluem o procedimento de fertilização in vitro. Apesar do marketing agressivo, especialistas alertam que a genética responde por apenas 5% a 10% do QI. O médico Salmo Raskin, da Sociedade Brasileira de Genética Médica, afirma que o ganho real seria de, no máximo, 2,5 pontos no teste de inteligência — distante dos seis pontos alardeados pelas startups.
Debate ético e risco de desigualdade
As iniciativas resvalam em conceitos de “eugenia liberal”, defendida pelo bioeticista Michael Agar, segundo a qual pais teriam liberdade para aprimorar características dos filhos. Críticos, como Hank Greely, da Universidade Stanford, temem a formação de uma elite genética que ampliaria a distância social. O tema reacende a discussão sobre determinismo biológico e lembra episódios controversos, como as declarações de James Watson sobre supremacia racial, que lhe custaram títulos honorários.
Limites científicos
Embora os avanços no sequenciamento do DNA permitam identificar riscos de doenças, a comunidade científica reforça que inteligência depende majoritariamente de fatores ambientais — educação, nutrição e estímulos culturais. Reportagem do Wall Street Journal ressalta que, mesmo com big data e algoritmos, não há garantia de gerar crianças excepcionalmente brilhantes.

Imagem: Reprodução X
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