Banco Central ganha credibilidade, avalia Vescovi

Banco Central ganha credibilidade, avalia Vescovi

Banco Central está consolidando sua credibilidade ao manter a Selic em 15%, mesmo sob pressão por cortes, afirma Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander Brasil. Em entrevista publicada nesta quinta-feira (19), a ex-secretária do Tesouro Nacional comparou a postura da autoridade monetária brasileira com o momento de questionamentos vividos pelo Federal Reserve norte-americano.

Para Vescovi, a comunicação coesa e o uso intensivo de dados pelo Copom têm elevado a percepção de independência institucional, elemento fundamental para ancorar expectativas de inflação e sustentar a política de juros.

Banco Central ganha credibilidade, avalia Vescovi

Enquanto o Banco Central avança, o Fed enfrenta dúvidas sobre autonomia e impacto fiscal, cenário que, segundo a economista, ajuda a explicar a recente desvalorização do dólar. Vescovi vê parte desse movimento ligada ao fim do “excepcionalismo americano”, enfraquecido por tarifas comerciais e pela fragmentação do comércio internacional.

A especialista avalia que o contexto externo abre uma janela de oportunidades para o Brasil: “Temos vantagens comparativas evidentes em cadeias de alimentos e energia”, disse. No entanto, ela alerta que o país só aproveitará o momento se avançar em ajuste fiscal, produtividade e combate ao crime organizado. “Sem consenso sobre as contas públicas, o Banco Central terá pouca margem para cortar juros de forma sustentada”, completou.

O início do ciclo de flexibilização monetária é projetado por Vescovi para janeiro de 2026, mas pode ser adiado caso os indicadores não confirmem a trajetória de convergência da inflação. A combinação de dólar mais fraco, política monetária restritiva e desaceleração global, na visão dela, “comprou tempo” para o Brasil, que precisa usá-lo na construção de equilíbrio fiscal.

A economista destacou ainda que o debate eleitoral de 2026 será decisivo. Propostas concretas para o ajuste das contas públicas influenciarão o custo de capital e a possível redução da Selic. “O tamanho e a duração do próximo ciclo de cortes dependem tanto do ambiente internacional quanto das definições internas”, reforçou.

Parte do mercado aposta em corte de juros já em dezembro, mas Vescovi lembra que o Copom deixou claro o caráter “dependente de dados” das futuras decisões. A permanência de desemprego historicamente baixo pressiona preços de serviços e pode retardar a retomada da flexibilização.

Em linha com a economista, relatório recente da Reuters destaca que a autoridade monetária brasileira tem adotado postura conservadora justamente para preservar a confiança dos investidores.

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Crédito da imagem: NeoFeed

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