Ataques russos em Kyiv deixam oito mortos, mais de 130 feridos e destroem prédio residencial

Ataques russos em Kyiv deixam oito mortos, mais de 130 feridos e destroem prédio residencial

Oito pessoas morreram e pelo menos 135 ficaram feridas em consequência de uma onda de drones e mísseis lançada pela Rússia contra vários bairros de Kyiv durante a madrugada, informaram autoridades ucranianas. O bombardeio, considerado o mais intenso desde que os Estados Unidos ameaçaram ampliar sanções econômicas contra Moscou, atingiu mais de duas dezenas de pontos na capital, derrubou parte de um bloco de apartamentos e danificou unidades de saúde e instituições de ensino.

Entre as vítimas fatais estão um menino de seis anos, a mãe da criança e outras seis pessoas. Três mortes ocorreram no local onde um prédio residencial desabou após ser atingido diretamente. De acordo com o ministro do Interior, Ihor Klymenko, socorristas continuam removendo escombros em busca de possíveis sobreviventes. O prefeito Vitali Klitschko detalhou que 12 dos feridos são crianças e que 30 pessoas permaneciam hospitalizadas até o meio da tarde.

A Força Aérea ucraniana relatou o lançamento de 309 drones e oito mísseis de cruzeiro durante a ofensiva noturna. Sistemas de defesa antiaérea conseguiram interceptar parte dos artefatos, mas vários impactos foram registrados, gerando explosões sucessivas e um clarão visível na linha do horizonte. O som agudo dos drones sobrevoando a cidade foi interrompido esporadicamente pelas detonações dos mísseis.

Os distritos de Sviatoshynskyi e Solomyansky sofreram os danos mais severos, com um morto e 20 feridos nesses locais. Em Shevchenkivskyi, a onda de choque quebrou janelas de uma ala infantil de hospital. Uma universidade, uma escola e um jardim de infância também foram afetados pelos estilhaços e pela pressão dos explosivos.

O presidente Volodymyr Zelensky afirmou que Kyiv foi o principal alvo do ataque russo e classificou a ação como uma resposta violenta aos esforços internacionais por um cessar-fogo. O chanceler Andrii Sybiha declarou que ainda há pessoas sob os escombros e defendeu o aumento de pressão econômica sobre Moscou caso não haja recuo.

As investidas ocorreram poucos dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reduzir para cerca de “dez ou doze dias” o prazo concedido ao presidente russo, Vladimir Putin, para aceitar uma trégua. O prazo inicial, anunciado em julho, era de 50 dias. Washington indicou que, se não houver acordo até 8 de agosto, serão impostas sanções adicionais. Até o momento, a ameaça não alterou a postura do Kremlin, que segue realizando bombardeios sistemáticos em território ucraniano.

Enquanto a capital era alvo dos disparos, o Exército russo reivindicou a captura da cidade de Chasiv Yar, ponto estratégico na região de Donetsk. Militares ucranianos negaram a perda total da localidade, iniciada em abril do ano passado, e relataram confrontos em andamento. Fontes de inteligência de código aberto indicam que forças russas controlam áreas a leste e ao norte da cidade, mas não avançaram completamente.

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Imagem: bbc.com

Chasiv Yar fica em terreno elevado e oferece posição de artilharia favorável para atingir grandes centros urbanos mais a oeste, como Druzhivka, Kramatorsk e Sloviansk. A eventual consolidação russa nesse platô aumentaria a pressão sobre linhas de defesa ucranianas já tensionadas pela disparidade de efetivos.

Analistas militares apontam a cidade de Pokrovsk, a cerca de 60 quilômetros ao sudoeste de Chasiv Yar, como o setor mais crítico da frente neste momento. A localização torna o município vulnerável a uma possível manobra de cerco, caso as forças russas mantenham o ritmo de avanço apoiado por maior número de tropas e artilharia.

Desde o início da invasão em fevereiro de 2022, Kyiv vivenciou diferentes ondas de ataques aéreos. Contudo, a ofensiva desta madrugada destacou-se tanto pelo volume de drones empregados quanto pela combinação com mísseis de cruzeiro, reforçando a capacidade da Rússia de lançar operações simultâneas de grande escala, mesmo diante das restrições já impostas pelo Ocidente.

Autoridades locais contabilizam prejuízos materiais expressivos, incluindo danos estruturais em prédios residenciais, unidades hospitalares e estabelecimentos de ensino. Equipes de emergência seguem mobilizadas para restabelecer serviços básicos, avaliar riscos adicionais de desabamento e fornecer apoio psicológico às vítimas.

Com o prazo norte-americano prestes a expirar, a escalada dos ataques sugere que Moscou não pretende suspender operações militares nas próximas semanas. A continuidade das hostilidades agrava a situação humanitária na capital ucraniana e coloca em evidência a disputa diplomática em torno de novas sanções e possíveis negociações de cessar-fogo.

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